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Cadê o milho?


Segunda-feira, 27 de janeiro de 2020 - 10h00

Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos


Foto: pixabay.com


O cenário de queda de braço entre indústria e pecuarista que descrevemos aqui no artigo da semana passada permanece intacto. Em nenhum momento desse ano houve pressão de venda significativa, porém, mesmo assim as indústrias seguiram recuando preços mesmo sem ter tido oferta abundante no preço anterior. 


A justificativa para a baixa era a de sempre, dificuldade com as vendas da carne no mercado interno, chineses tentando renegociar preços de mercadoria já entregue e assim por diante. 


Do lado do pecuarista os motivos para não entregar a mercadoria também são muito fortes, como reposição em preços altíssimos, custo de insumos, como milho, em alta e, além disso, a boa condição das pastagens permitindo a escolha do melhor momento de venda.


Sem muito a acrescentar no cenário para o boi gordo, vale a pena abordar um pouco a situação do mercado de milho, que após a colheita da safrinha recorde de 2019 só subiu, se aproximando da importante barreira psicológica dos R$53,00/saca em São Paulo, recorde nominal dos preços do milho até agora em São Paulo como pode ser observado na figura 1. 


Figura 1.
Indicador do milho Esalq/BVMF, Campinas-SP, atacado, R$/60kg, à vista (CDI), sem ICMS.Fonte: Broadcast / Elaboração Radar Investimentos 


Apesar da safrinha ter sido muito grande, as exportações também foram recordes, absorvendo o “excedente” de produção e deixando o mercado interno novamente enxuto, num momento de aumento de consumo pelo setor de produção animal, com a cadeia produtiva de suínos, frangos e bovinos tentando ampliar a oferta para atender a demanda chinesa. Isso sem falar no aumento da destinação de milho para a produção de etanol, com diversas usinas ampliando sua produção ou inaugurando novas unidades fabris. 


O balanço de oferta e demanda de milho tende a permanecer muito apertado no primeiro semestre de 2020, já que o estoque de passagem não é confortável e a safra de verão, além de ser tradicionalmente pequena, foi afetada pela quebra de produção no Rio Grande do Sul, que é o principal estado produtor nessa época do ano. 


Esse cenário amplia a já grande dependência do mercado da chamada “safrinha”, que começa a ser plantada a partir de agora nas principais regiões produtoras de soja do Brasil. Apesar de os preços altos serem um grande incentivo para um plantio recorde, o risco climático é sempre muito relevante de modo que o stress no mercado de milho vai permanecer ainda por um bom tempo. 


Sem nenhum sinal de alívio na pressão de custos no horizonte, fica difícil para a indústria ter sucesso na tentativa de impor pressão baixista no mercado de boi durante a safra. Vamos conferir.



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