Médico veterinário, pós-graduado pela ESPM, MBA em finanças pelo Insper-SP e sócio diretor da Radar Investimentos
Foto: sna.agr.br
O mercado de boi gordo permanece com o mesmo cenário das últimas semanas, ou seja, pouca oferta, muita dificuldade de compra e preços seguindo a tendência de alta, porém sem grandes saltos que justifiquem alguma precificação além do que já está refletido na curva de preços futuros na B3. A dificuldade agora é para o outubro conseguir romper o patamar de R$153,00/@ e enquanto isso não ocorre, o marasmo voltou a dominar o mercado.
Sem grandes novidades no boi no curto prazo, voltaremos nossa atenção no texto de hoje para o mercado de milho, que vem apresentando uma volatilidade enorme e assustou muita gente com as fortes altas no começo do ano e a ausência de quedas relevantes durante a colheita da safrinha.
O ponto de partida para se fazer qualquer análise das expectativas de preços para o milho é olhar o balanço entre oferta e demanda para imaginar se os estoques de passagem são grandes o suficiente para gerar pressão negativa ou positiva nos preços durante esse final de ano e o início do próximo ano.
Fazendo uma média das cinco principais instituições que divulgam de forma sistemática seus números para o mercado, temos a tabela 1.
Tabela 1.
Informações sobre o milho, em milhões de toneladas.
Fonte: Broadcast
Resumindo os dados, o cenário mais provável é que tenhamos estoques de passagem ao redor de 10 milhões de toneladas, volume inferior ao que tínhamos em 2017/2018. Outra característica desse estoque é que a maior parte dele está nas mãos dos produtores e não na mão dos usuários, o que agrega um maior potencial de volatilidade já que o produtor, caso esteja capitalizado, pode se dar ao luxo de postergar a venda a espera de preços mais altos, enquanto o consumidor tem a obrigação de comprar pelo menos o mínimo necessário, o que implica muitas vezes em ter que “aceitar” o preço pedido pelo vendedor. Esse foi em grande parte o responsável pelo cenário de preços sustentados que acompanhamos ao longo do ano para o milho.
Sem enormes surpresas negativas na exportação de milho até janeiro e fevereiro de 2019 e sem uma grande surpresa positiva na produção da safra de verão do milho em 2019, fica difícil imaginar algum grande movimento de baixa nos preços até as notícias com relação a safrinha de 2019 serem minimamente confiáveis. Nesse cenário, momentos de queda nos preços futuros de milho podem abrir boas oportunidades para garantia de custos favoráveis para primeiro semestre de 2019.
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