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Sistema Australiano de classificação de carcaça: Garantia de qualidade e procedência (Parte 1)

Sistema de classificação australiano avalia diversas características da carcaça. Características como maciez são informadas no rótulo da carne, junto com seu melhor método de preparo.


Em 1993, depois de uma expressiva queda no consumo de carne bovina na Austrália, o governo daquele país buscando alternativas para alavancar o consumo, desenvolveu uma pesquisa junto aos consumidores locais. Um dos anseios da população era ter acesso a uma carne com maior grau de maciez e garantia de procedência.

Com isso, o Meat and Livestock Australia (MLA), órgão responsável pelo marketing da carne no país, criou o Meat Standards Australia (MSA).

A função do Meat Standards Australia é estabelecer um mecanismo que garanta a rastreabilidade e a padronização da carne. O MSA é o resultado de muitos anos de pesquisa, testes em fazendas, processamento de carcaças, experimentação em rebanhos, maturação e efeitos de cozimento e mensuração dos seus efeitos individuais e coletivos na cadeia produtiva da carne bovina.

Iniciado em 1996 e guiado pela preferência do consumidor, as carcaças certificadas pelo MSA podem receber um ágio de até 50,0% ao alcançar uma categoria superior.

Esta série de artigos terá como objetivo explicar quais são e como são analisados especificamente cada característica que determina a classificação da carne pelo MSA e como eles influenciam na qualidade da carne.

MSA Grading

A classificação MSA é dada através da análise de características do animal para as quais são atribuídas pontuações. Cada carcaça é identificada com um ticket e sua avaliação é enviada para um software que armazena as informações de todas as carcaças avaliadas. Os animais de cada produtor são mantidos em lotes separados. Os parâmetros avaliados são:

  • Peso da carcaça - importante na determinação da maturidade.
  • Sexo - macho ou fêmea.
  • Raça dos animais - raças tropicais tem aspecto negativo na qualidade, principalmente na maciez.
  • Método de suspensão - tendão de Aquiles ou Tenderstrech (suspensão pelo osso da pélvis).
  • Ossificação - utilizada para determinação da maturidade da carcaça.
  • Marmoreio - quanto maior o marmoreio, melhor a pontuação atribuída.
  • Gordura na costela - é necessária no mínimo 3,00mm de gordura para aprovação nesse critério.
  • pH e Temperatura - o pH é medido usando um peagâmetro e deve estar abaixo de 5,70. A temperatura deve ser menor que 12ºC, de acordo com as especificações australianas.
  • Cor da carne - é medida de acordo com fichas de cor que variam do 1A (muito pálido) até 7 (roxo muito escuro). Carnes que variam entre 1B e 3 são as ideais.

É atribuída a carcaça o número zero caso todas as especificações mínimas tenham sido atendidas. Caso contrário, um código que demonstra quais não estão em conformidade é gerado. Veja a tabela 1.

Após a avaliação inicial, as carcaças recebem um número de lote e são enviadas para as classificações de qualidade da carne.

As classificações possíveis são non-MSA (caso seja desclassificada), MSA3 (boa para o dia-a-dia), MSA4 (excelente qualidade), MSA5 (premium). Quanto maior a classificação, maior é a bonificação paga pela carcaça.

Feito isso, são enviadas para o grupo de desossa juntamente com as carcaças de mesma qualidade. Os cortes são separados e embalados a vácuo, recebem o selo de garantia de qualidade MSA que identifica a categoria da carne, período de maturação e métodos de preparo ideal para o corte específico.

Apesar de ser um sistema complexo de avaliação, ele permite que a qualidade da carne seja atestada, garantindo a rastreabilidade do produto e elevando seus preços no mercado interno e externo. O sistema procura fidelizar o consumidor que procura carnes premium e garante a demanda interna do produto.

O Meat Standards Australia demonstra como um sistema nacional de marketing, vindo da união de produtores, consumidores e de recursos do governo, contribui para pesquisas, desenvolvimento e divulgação da pecuária nacional. 

Colaborou André Mazi, graduando em engenharia agronômica e em treinamento pela Scot Consultoria.

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