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CEPEA - Soja


Quinta-feira, 17 de abril de 2014 - 17h14

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


Enquanto os preços da soja subiram no mercado internacional em março, no Brasil, a desvalorização do dólar frente ao Real travou as negociações e enfraqueceu os valores do grão, já que distanciou as ofertas de compras e de vendas. A moeda norte-americana teve média de R$2,33 em março, o menor patamar desde novembro/13. Com isso, os preços pedidos por vendedores e as ofertas de compradores chegaram a ter diferença de três reais/saca de 60 kg.

Mesmo com agentes brasileiros indicando quebra na produtividade de soja no Brasil, devido às condições climáticas desfavoráveis nos principais períodos de desenvolvimento das lavouras, o volume de soja colhido seguiu satisfatório em março e o país deve produzir safra recorde, segundo estimativas. Em Mato Grosso, produtores indicaram produtividade de 53 sacas por hectare, ante 60 sacas por hectare no ano passado. Em Goiás, colaboradores do Cepea indicaram quebra na produção, mas ainda não há números concretos. No norte do Paraná - uma das regiões mais atingidas pela seca -, agentes estimam produtividade de apenas 40 sacas por hectare.

Apesar da queda no mês, os valores do grão e do farelo ainda estiveram elevados se comparados aos do mesmo período de anos anteriores. Em alguns períodos de março, demandantes ofertaram preços mais elevados e, com isso, vendedores optaram por negociar a oleaginosa no interior em vez de levá-la aos portos, visto que o frete não estava compensando.

As exportações cresceram em março, superando a quantidade embarcada no mesmo mês de 2013. Os embarques de soja em grão somaram 6,22 milhões de toneladas em março, mais que o dobro do volume embarcado em fevereiro e 76,2% acima do exportado em março/13, segundo dados da Secex. Nos últimos três meses, foram mais de 9 milhões de toneladas embarcadas. O preço médio da soja exportada em março foi de R$70,54/sc de 60 kg, ligeiramente inferior ao de fevereiro (R$70,91/sc).

De farelo de soja, o Brasil exportou 727,0 mil toneladas em março, 43,5% acima do mês anterior e 17,8% a mais que em março/13. As exportações de óleo de soja somaram 117,6 mil toneladas em março (maior desde outubro/13), ante apenas 37,54 mil toneladas em fevereiro e 4,4% abaixo das de março/13, conforme informações da Secex.

Já nos Estados Unidos, os estoques já estavam baixos em março e notícias indicam que, para o final da temporada, o volume de estoque deve ser o segundo menor já visto no país. Esses fatores sustentaram os valores externos. No mês, a demanda mundial esteve firme e o clima ao cultivo nos Estados Unidos, adverso. Caso o frio e a umidade prevaleçam, pode haver atraso no cultivo de milho naquele país, podendo, inclusive, elevar a área de soja.

Dados do USDA divulgados no dia 31 de março apontaram aumento de 6,0% na área de soja nos Estados Unidos, para cerca de 33 milhões de hectares, com um salto de mais de 2 milhões de hectares sobre a temporada passada. Caso se confirme, a área será recorde. Considerando-se a média de produtividade de 2013 (2,92 t/ha), a oferta do país norte-americano seria acima de 96 milhões de toneladas. O USDA e parte do mercado indicam produtividade recorde, o que poderia elevar a produção entre 98 e 100 milhões de toneladas.

Para o Brasil, o USDA divulgou números em meados de março sinalizando área cultivada de 31,9 milhões de hectares em 2014/15. Caso a produtividade fique em aproximadamente 3 t/ha, a produção chegaria a 97 milhões de toneladas. Considerando-se as cerca de 3 milhões de toneladas que podem estar em estoques em agosto/14, no ano-safra 2014/15 (set/14 a ago/15, para o USDA), o Brasil teria o recorde de 100 milhões de toneladas para serem negociadas.

Quanto aos preços, na Bolsa de Chicago (CME Group), o vencimento Maio/14 teve forte avanço de 3,5% entre 28 de fevereiro e 31 de março, indo para US$14,64/bushel (US$ 32,28/sc de 60 kg) no dia 31. O farelo de soja, para o mesmo vencimento, teve elevação de 4,7%, a US$479,30/tonelada curta (US$528,33/t). Já o contrato de óleo de soja Maio/14 finalizou a US$0,4042/lp (US$891,10/t), retração de 3,3% no mesmo período.

Os prêmios brasileiros se reduziram em março. O prêmio de exportação de soja em grão em abr/14 foi cotado a -50 centavos de dólar para o vendedor no dia 28 de março, sem comprador. O valor FOB da soja para embarque em abr/14, por Paranaguá, foi calculado a US$30,58/sc de 60 kg no dia 28 de março, redução de 1,6% (em dólar) frente ao dia 28 de fevereiro. Entre os derivados, o embarque em abr/14 do farelo de soja teve leve alta de 0,5%, a US$512,90/t, no dia 31 de março. O FOB de óleo de soja para embarque em abr/14 recuou significativos 3%, a US$877,88/t no último dia útil do mês.

O Indicador da soja Paranaguá CEPEA/ESALQ/BM&FBovespa, baseado em negócios realizados, teve forte queda de 4,3%, para R$70,50/sc de 60 kg no dia 31 de março. Na BM&FBovespa, o vencimento Maio/14 (em dólar) finalizou a US$30,30/sc de 60 kg, leve avanço de 0,3%.

A média ponderada das regiões paranaenses, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, teve forte retração de 2,8% em março, finalizando a R$67,24/sc de 60 kg no dia 31. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços caíram 2,1% no mercado de balcão (ao produtor) e 3,1% no de lotes (negociações entre empresas).

Entre os derivados, para o farelo de soja, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve forte queda de 5%. Quanto ao óleo de soja (produto posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS), a desvalorização foi de 2,1% no mês, indo para R$2.252,82/t,no dia 31 de março.


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