Engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP. Diretor-fundador da Scot Consultoria. Analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas da cadeia de pecuária de corte, de leite, ovinos, grãos e insumos agropecuários. Palestrante, facilitador e moderador de eventos conectados ao agronegócio. Presidente da Associação dos Profissionais para a Pecuária Sustentável. Membro do Conselho Consultivo da Phibro, Membro do Conselho Técnico do programa Bifequali da Embrapa Sudeste e coordenador das ações gerais da Scot Consultoria.
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A inflação, as baixas taxas de investimento, a valorização da moeda (que tornou as exportações mais caras), e a queda da demanda mundial por commodities (especialmente da China), foram algumas das razões dadas para a recente desaceleração econômica do Brasil.
Mas se o Brasil quer realmente agarrar a sua posição como líder dos mercados emergentes, é preciso resolver os problemas estruturais, começando com a infraestrutura e educação.
O índice denominado Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) indica a quantidade de capital investido em bens duráveis destinados ao uso das unidades produtivas, realizada em cada ano, visando o aumento da capacidade produtiva do país.
Segundo o IBGE, nos últimos doze anos, a taxa de crescimento da FBKF brasileira foi de 17,35% em média. Em 2006, 2007 e 2008 foram observadas as principais elevações, que só foram retomadas nos anos pós-crise mundial.
Em 2012, a FBKF caiu 1,12 ponto percentual frente a 2011, retomando a trajetória de queda.
Segundo o relatório do World Economic Forums Global Competitiveness Report, o Brasil ocupa o 107º lugar entre 144 países avaliados pela qualidade de infraestrutura, ocupando posição abaixo de países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul), e quase todos os outros países emergentes, incluindo Filipinas, Indonésia, México, Camboja e Tailândia.
Portos e aeroportos são fundamentais para o sucesso do país como exportador de commodities, porém, a qualidade dos mesmos coloca o Brasil entre os dez piores países do mundo neste quesito.
A infraestrutura aeroportuária é pior apenas em países como o Burundi, Serra Leoa e Haiti. Enquanto isso, o Brasil fica com o prêmio de consolação por superar o Haiti, Gabão e poucos outros na qualidade de seus portos.
Quando o item em questão são as estradas, perdemos novamente, apenas 5,0% das estradas brasileiras são pavimentadas, enquanto, a China e a Índia possuem 50,0% das estradas pavimentadas.
De acordo com o relatório realizado pela Consultoria de Gestão McKinsey mais de 12,0% de todos os grãos produzidos no Brasil são perdidos antes de chegar aos consumidores, resultado das limitações de infraestrutura.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a safra brasileira em andamento (12/13) está estimada em 184,04 mil toneladas de grãos. Frente à safra passada (11/12), quando foram produzidos 166,17 mil toneladas, o crescimento é de 10,7%. Por conta deste cenário, a melhoria das condições de escoamento da produção, que no caso do Brasil é feita, em sua maior parte por rodovias, é imprescindível.
Enquanto parte da produção se perde nas estradas, o congestionamento e a falta de logística nos portos, como o de Paranaguá, aumenta os custos e desestimula compradores.
Os problemas estruturais brasileiros não param na infraestrutura. Entre os principais fatores que dificultam os negócios no país está a falta de uma educação adequada e mão de obra qualificada.
No Programme for International Student Assessment (PISA) da OECD, o Brasil está ranqueado em 53º lugar em uma escala, de dimensionamento geral, que conta com 65 países. O Brasil fica abaixo de países como Rússia e Macau (mais próximo da China) e só é melhor que Argentina e Peru na América Latina. Índia e África do Sul não fazem parte da pesquisa.
O Brasil está tomando algumas medidas para combater estes problemas, especialmente em infraestrutura. Apesar da grande barreira que eles representam para o crescimento, o FMI projeta que a economia brasileira crescerá saudáveis 3,5% em 2013, frente aos 0,9% de 2012.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), no período de 2000 a 2013, o Brasil registrou a segunda pior taxa de crescimento do PIB dos BRICS (3,5% ao ano), ficando a frente, apenas, da África do Sul que cresceu 3,4%.
Quando comparado à China e Índia, a diferença é enorme. Desde 2000, China e Índia cresceram, em média, 9,9% e 7,0% ao ano, respectivamente.
Na soma do crescimento anual, China e Índia cresceram 138,7% e 97,7%, seguidos de Rússia, Brasil e Índia, com 70,9%, 49,2% e 48,2%, respectivamente.
Em 2013, o FMI acredita que o Brasil retome suas altas taxas de crescimento. Desta forma, estima-se que o país produza 4,0% a mais que em 2012.
O fundo ainda cita “as medidas recentes do governo são vistas como um alívio para os gargalos de infraestrutura do país, buscando fomentar a confiança dos negócios e reanimar os investimentos”.
Assim, analisando os dados recentes do Brasil, teremos um grande trabalho a ser realizado nos próximos anos.
Legenda: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Organização para a Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OECD).
Fonte: Financial Times. Por Valentina Romei. 1 de abril de 2013.
Colaborou na tradução, adaptação e comentários, Augusto Maia, graduando em Ciências Econômicas ESALQ/USP, em treinamento pela Scot Consultoria.
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