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Scot Consultoria

O progresso é para ser comemorado, não lamentado


Sexta-feira, 18 de janeiro de 2013 - 11h00

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Alguém já disse: torture os números e eles confessarão qualquer coisa.  Uma amostra gritante disso é essa história de "desindustrialização", um conceito criado por "rent-seekers" com o claro objetivo de obter benefícios governamentais, tais como barreiras alfandegárias, intervenções cambiais, desonerações fiscais, etc. Vejam, por exemplo, esta matéria, dando conta de que a participação da indústria brasileira no PIB (Produto Interno Bruto) recuou aos níveis de 1956.  Segundo a notícia, o auge da contribuição da indústria para a geração de riquezas no país ocorreu em 1985, com 27,2% e desde então tem caído seguidamente.


Todos os números que aparecem na reportagem são absolutamente verdadeiros.  O problema é que temos ali várias verdades sendo ditas com o propósito de retirar delas uma conclusão absolutamente falsa, qual seja, a de que a indústria nacional está morrendo.  Não está!  A queda da participação do setor de manufaturas no PIB é um fenômeno global (vejam o gráfico abaixo).  Na realidade, a produção total da indústria no mundo, se não está no seu pico, está muito perto dele. Já a produção industrial brasileira é certamente muito maior hoje, em termos absolutos, do que era em 1985, ano em que, segundo as estatísticas oficiais, o setor manufatureiro alcançou a sua maior participação relativa no PIB.



A causa dessa queda relativa não está, evidentemente, numa suposta desindustrialização, mas em dois fatores principais interligados, ambos os quais devem ser saudados e não lamentados:


O primeiro fator é o aumento da participação de outros setores na produção total de riqueza e renda - como serviços em geral, comércio, finanças, saúde, educação, ciência e tecnologia, etc. Algo semelhante, aliás, já havia ocorrido com o setor primário, há mais de um século, quando a própria indústria começou a crescer e retirar peso relativo da agricultura.


A segunda razão para a queda na participação da indústria está nos ganhos de produtividade desse mesmo setor, os quais têm reduzido significativamente, ao longo do tempo, o preço dos bens duráveis.  Portanto, a perda de peso da indústria no PIB é um sinal de progresso, não de retrocesso.  Como bem lembrado pelo professor Mark Perry, o padrão de vida no mundo atualmente é muito maior do que era em 1970, ainda que a produção industrial hoje represente somente 16% da produção total, enquanto há 40 anos era quase duas vezes maior.  Enfim, a queda relativa do setor industrial no PIB é algo para ser comemorado, não lamentado.


Por João Luiz Mauad 



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