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Scot Consultoria

Palavrões do mercado do boi gordo


Quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 - 17h05

Zootecnista formado pela UNESP – Jaboticabal-SP e sócio da Radar Investimentos.


Após a crise econômica de meados de 2008, as estratégias de atuação dos agentes do mercado do boi gordo mudaram.


A falência de algumas indústrias implicou no fechamento de dezenas de plantas frigoríficas, e paralelamente a isto, na concentração da compra de boiadas em outras.


Apesar de terem passado quase cinco anos, ainda é comum escutar ou ler termos deste mercado que fazem muita gente coçar a cabeça. Vamos esclarecer alguns.


Monopólio


A confusão desta palavra com os próximos dois tópicos é frequente.


O monopólio representa um mercado com apenas um vendedor e muitos compradores. É exatamente o inverso da relação entre pecuaristas e frigoríficos no mercado do boi gordo.


Atualmente, aproximadamente 30,0% da capacidade estática da indústria frigorífica está na mão de três grupos, JBS Friboi, Marfrig Alimentos e Minerva Foods.


Oligopsônio


Oligopsônio caracteriza uma situação com poucos compradores, por exemplo, frigoríficos, e muitos vendedores, pecuaristas.


Trata-se de um exemplo de concorrência imperfeita, na qual os compradores podem exercer pressão aos que comercializam.


Em um cenário de concorrência perfeita, cada agente, individualmente, não tem poder sobre o mercado, devido à presença de grande quantidade de compradores e vendedores.


Esta situação pode ser observada em algumas regiões, principalmente no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul, onde a JBS e a Marfrig, respectivamente, detêm grandes parcelas dos abates.


Monopsônio


O cenário pode ser ainda pior para o pecuarista, se houver um monopsônio, mas esta hipótese é remota.


Neste caso, apenas um frigorífico deteria o mercado, a compra de boiadas, impondo forte pressão de preços aos que vendem seus animais.


Debêntures


Nos anos seguintes à crise, as grandes indústrias do setor fizeram aquisições dentro e fora do país e ampliaram a estrutura instalada. Para conseguir realizar estas operações elas emitiram debêntures.


Debêntures são títulos de dívida, de médio e longo prazos, que servem para captar recursos para as empresas emissoras, neste caso, os frigoríficos.


Qualquer pessoa física pode investir nestes títulos, desde que esteja vinculada a uma corretora de valores. O limite mínimo para aplicação, o prazo e o retorno financeiro variam de acordo com a companhia e são definidos na escritura de emissão.


Em 2012, a Minerva Foods emitiu debêntures com prazo de vencimento de dez anos com a finalidade de levantar recursos para investimentos até 2022.


Recuperação judicial


A recuperação judicial é uma medida legal com a finalidade de evitar a falência da companhia. O objetivo é garantir os ativos do devedor durante a negociação com seus credores.


O frigorífico devedor tem a possibilidade de apresentar aos seus credores, que geralmente são pecuaristas, formas de pagamento da dívida.


Atualmente, existe o prazo de cinco dias para apresentação da defesa ou o pedido de recuperação. Enquanto este pedido está em vigor, a companhia deve buscar formas ou recursos para o pagamento da sua dívida.


Considerações finais


O mercado do boi gordo não é o mesmo, comparado ao de cinco anos atrás. Surgiram novas estruturas de mercado, modelos de investimento, leis, entre outros.


A concentração da indústria frigorífica é recente e a tendência é que este processo continue nos próximos anos.


É bom que os agentes do setor se acostumem com estes palavrões.



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