• Sexta-feira, 19 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

CEPEA - Milho


Quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 - 12h28

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


Claramente o que pesou em 2012 foi a queda da produção mundial, ocasionada por problemas climáticos em muitos países, mas especialmente nos Estados Unidos. Na safra 2012/13, a produção norte-americana se reduziu em 13,2% frente à 2011/12, segundo dados do USDA. Ao invés de 375,7 milhões de toneladas estimadas em maio/12, a safra foi consolidada em 272,4 milhões de toneladas. Essa quebra abriu espaço para outros players no mercado internacional, favorecendo os recordes de exportação do Brasil e a consequente sustentação dos preços no país. Por aqui, a safra verão e a de inverno totalizaram 72,98 milhões de toneladas, segundo a Conab.


O ano de 2012 iniciou com incertezas quanto ao tamanho da oferta da temporada de 2011/12 e seu impacto sobre os estoques finais do ano safra. Apesar das significativas perdas no Sul do país devido à falta de chuvas, a oferta nacional de verão ainda podia ficar próxima da anterior. Desde início do ano, havia expectativa de crescimento expressivo da área da segunda safra. Com isso, os dados apontavam para equilíbrio entre oferta e demanda. Porém, informações sinalizavam que na parte sul da América do Sul era certo que as perdas da safra de verão seriam expressivas em relação às estimativas iniciais, fazendo com que o avanço da área não tivesse efeito sobre a oferta.


Mesmo assim, a colheita da safra de verão pressionou as cotações do milho em fevereiro na maioria das regiões brasileiras. Nem mesmo as praças do Sul do país, as mais prejudicadas pelas condições adversas de clima, conseguiram manter os preços sustentados. Entre as localidades acompanhadas pelo Cepea, os valores só não caíram nas mato-grossenses, uma vez que o estado depende da segunda safra.


No decorrer de março, a liquidez foi baixa, mas a colheita da safra verão seguiu em bom ritmo e o cultivo da segunda safra já havia sido praticamente finalizado. O que chamou a atenção foi que estimativas sobre a produção de milho na safra verão do Brasil apontavam praticamente estabilidade em relação à colheita de 2011, mas a de segunda safra poderia crescer expressivamente. A oferta agregada 2011/12, portanto, deveria ter acréscimo.


Em abril, a colheita do milho, a necessidade de escoamento por parte de produtores e o menor interesse comprador pressionaram os valores do grão, fazendo com que os ganhos obtidos até meados de março fossem anulados. Nem mesmo as altas das cotações externas e da taxa de câmbio estavam sendo suficientes para interromper as baixas no Brasil. A partir de meados de abril, no entanto, exportar passou a ser mais vantajoso e isso começou a segurar as quedas no final do mês, mesmo com estimativas de boa produção na segunda safra. No mercado norte-americano, os preços se sustentaram no correr de abril, diante dos baixos estoques e da demanda ativa.


A onda de queda, contudo, ainda tinha muita energia. Ao longo de maio, os preços do milho caíram em praticamente todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. O início da colheita no Paraná e em Mato Grosso e os reajustes para cima nos dados de produção destes estados realimentavam o tom baixista, principalmente no final do mês. Por outro lado, a pouca disponibilidade de produto para regiões consumidoras, como as do Rio Grande do Sul, parte oeste do Paraná e do Nordeste brasileiro, ajudou a sustentar as cotações nessas praças. A desvalorização do real frente ao dólar no correr de maio fez com que vendedores criassem expectativas de aumento na paridade de exportação, mas a boa expectativa de produção nos Estados Unidos frustrou essa tendência.


O ambiente começaria a se inverter em junho. Os preços externos do milho subiram com força neste mês, impulsionados por preocupações com a estiagem em boa parte das áreas de produção de milho e soja nos Estados Unidos. As cotações nos portos brasileiros também tiveram forte alta - em Paranaguá (PR), a valorização foi de 8,7% em junho -, ampliando as diferenças frente aos valores no interior do país, que seguiam pressionados pela expectativa de produção recorde na segunda safra.


As diferenças entre os preços no porto e no interior chegaram a patamares quase históricos. Entre agosto de 2004 e março de 2012, os preços em Paranaguá foram, em média, 1,71 real/saca de 60 kg inferiores aos observados em Campinas (SP), em termos nominais. Em junho, ao contrário, a diferença em favor do porto era mais que o dobro, chegando a cerca de 3,50 reais/sc sobre a média de Campinas, indicando o potencial de valorizações no interior.


De fato, em julho, os preços do milho nas diversas regiões tiveram fortes reações, sendo consideradas no mínimo surpreendentes pelos agentes. Pode-se até dizer que nem compradores nem vendedores aguardavam oscilações em tamanha intensidade. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) subiu expressivos 37,8% ao longo do mês e, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços médios reagiram 28,8% no mercado de balcão (ao produtor) e 31,3% no de lotes (negociação entre empresas). Além disso, havia expectativa de que o movimento de alta pudesse se prolongar, uma vez que os contratos futuros no Brasil apontavam valores mais elevados para vencimentos mais distantes. Esta era a reação ao corte de mais de 46 milhões de toneladas na produção norte-americana - que enfrentou a pior seca desde 1956 -, o que impediria que os estoques mundiais se elevassem. Para brasileiros, essa situação se tornou a oportunidade esperada para se exportar o excedente.


Nos meses de agosto e setembro, os preços do milho tiveram menores oscilações, mas seguiram firmes na média das regiões. As divergências entre perspectivas quanto aos preços para os meses seguintes levaram ao acirramento da "queda de braço" entre compradores e vendedores, diminuindo o ritmo de comercialização. Mesmo assim, nas regiões compradoras líquidas de São Paulo e nas deficitárias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e do Nordeste, ocorreram valorizações. Já as praças com importância na oferta do milho segunda safra tiveram quedas.


Quanto às exportações de milho, em 2012, iniciaram-se já em julho e ganharam força em agosto, sinalizando que o ritmo de embarques do segundo semestre seria realmente intenso. Normalmente, esse segmento se aquece entre agosto e setembro, quando a colheita da segunda safra está caminhando para o final e os excedentes são mensurados mais claramente.


Em setembro, o Brasil embarcou 3,15 milhões de toneladas de milho, sendo o novo recorde mensal, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). De janeiro a setembro, já eram registradas 9,4 milhões de toneladas exportadas, volume equivalente ao total enviado em todo o ano de 2011.


O recorde de setembro foi superado em novembro, quando a receita mensal ultrapassou US$1 bilhão - segundo a Secex, foram embarcadas 3,91 milhões de toneladas de milho apenas em novembro. No acumulado de 2012, as vendas externas somaram 19,8 milhões de toneladas, superando em 52% o volume embarcado no mesmo período de 2011.


Em outubro e novembro, muitos produtores brasileiros limitaram a oferta o máximo possível. Após o pagamento das dívidas e das despesas de colheita da segunda safra, diminuiu a necessidade de caixa, apesar de o avanço do cultivo da nova safra também gerar despesas de curto prazo. Por outro lado, compradores passaram a ter maior necessidade de reabastecimento de estoques. Indústrias internas também estiveram mais ativas e as exportações, como visto, seguiam firmes.


Em 2012, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas-SP) subiu 14,8%, fechando a R$34,30/saca de 60kg no dia 28 de dezembro. Se considerada a taxa de desconto NPR, também na região de Campinas, o preço médio à vista foi de R$33,86/sc de 60kg, reação de 15,1% no ano. Porém, a média anual está em R$29,79/sc de 60kg, 1,75% inferior à de 2011 (R$30,32 em 2011).


Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram expressivos 20% nos mercado de balcão (ao produtor) e de lotes (negociação entre empresas) ao longo de 2012.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja