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Scot Consultoria

Mediocridade tem cura?


Segunda-feira, 27 de agosto de 2012 - 17h55

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Abrir os jornais para leitura tem sido uma tortura nas últimas semanas. Páginas e páginas são consumidas na discussão do processo do mensalão. Além disso, a tortura midiática da exposição dos advogados, promotores e juízes somente se justificará se, de fato, o que for decidido realmente configure um novo paradigma na sociedade brasileira quanto ao seu processo democrático. Punir somente os mensaleiros, sem que se construa uma nova realidade e estrutura partidária e política no Brasil, é, novamente, aplicar somente a medicina mais leve sem tratar do câncer que acomete a nossa realidade institucional.


Aliás, a mediocridade nas ideias parece imperar no Brasil. Observar o horário eleitoral iniciado nesta última terça-feira (21) é uma prova cabal da falta de ideias originais no Brasil. Está cada vez mais difícil buscarmos resolver, de vez, alguns dos vários problemas que, incrivelmente, acometem o país e se repetem frequentemente. Temos uma falta de liderança que realmente é o nosso maior desafio. Tornamo-nos o país das coisas mais fáceis, com um Estado que sufoca a população e até mesmo a força à ilegalidade.


Cito dois exemplos:


Na cidade de São Paulo, viveu-se a celeuma da questão da sacolinha plástica distribuída nos supermercados. Sob a alegação de uma suposta preocupação ambiental, foi proposta pelos comerciantes a retirada destas do mercado, com a substituição por sacolas ecológicas. Uma iniciativa até louvável, se a preservação do meio ambiente, fosse, de fato, a razão de ser da iniciativa. Porém não era. O poder público adotou a ideia, também alegando a preocupação. E já estava pronto para punir.


Ocorre que, há muito mais coisas para se preocupar. Por exemplo, existe uma quantidade enorme de garrafas plásticas, galões, etc., que somos obrigados a consumir porque a qualidade da água distribuída não é de boa qualidade, em pleno século XXI. Em várias partes do mundo, tomar água diretamente da torneira é um ato comum. No Brasil, ainda estamos muito distantes disso. A água pura poderia resolver inúmeras doenças que ainda acometem a sociedade. Que tal o estado preocupar-nos mais com a qualidade da água do que com as sacolinhas plásticas?


Nos aeroportos brasileiros, na área de imigração, temos observado a existência de prestadores de serviços terceirizados. De todos os lugares por onde tenho passado, o Brasil é um dos lugares em que vemos o Estado terceirizando uma atividade primariamente que é sua. A alegação para tal situação é a questão dos concursos públicos e a possibilidade de greves, grandemente diluídas com a terceirização. Que tal o Estado voltar às suas funções fundamentais, como a atividade de polícia e, efetivamente, punir os grevistas com a demissão compulsória?


Parece-me que, nos últimos tempos, esquecemos qual deve ser, efetivamente, a função do Estado. A cada dia, este parece estar mais presente, sufocando a sociedade e impedindo o crescimento do espírito de inovação e capitalismo.


Os sarracenos dominaram o mundo por vários anos. No entanto, em determinado momento da história, "perderam a mão" na Idade Média para uma Europa que era muito mais pobre de valores, recursos e inventividade. Os dois principais fatores que levaram ao declínio dos mouros foram a exacerbação da influência religiosa e o peso nefasto da tributação. No caso desta, observou-se que induz a um peso enorme dos governos sobre as populações, que não estimulam a inovação, competitividade e concorrência. O resultado disso foi condenação a um desenvolvimento desacelerado e de menor crescimento.


Não seria hora de o Brasil definir, efetivamente, qual deve ser o papel do Estado e alinhar este pensamento em toda a sociedade? Porque, a cada momento, vemos o Estado brasileiro tornando-se cada vez maior, mais ineficaz e de um custo enorme, fazendo coisas que não deveria, e não fazendo aquelas que deveria. O Estado brasileiro está matando a inovação lentamente com o seu peso e custo. Pode parecer que não, sob o manto do crescimento dos últimos anos... Mas poderíamos estar muito melhor. Será que a mediocridade tem cura?

Por Marcus Vinícius de Freitas



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