Uma política por dia

Há alguns dias, o Ministro Mantega convocou a imprensa para divulgar novas políticas que têm em comum o atendimento a demandas da indústria automobilística. Tudo bem, esta indústria é de alta concatenação regressa, vale dizer, repercute em uma comprida cadeia de fornecedores. Nada mal com a redução de impostos, mesmo considerando seu casuísmo.

Tudo no Brasil é mais caro porque o estado é muito pesado para ser financiado por cidadãos de renda média muito baixa. Ao contrário da maior parte dos países desenvolvidos, os funcionários públicos ganham mais, têm estabilidade e, pelo menos até 2036, aposentadoria e pensão integrais, quando as pensões pagas pelo INSS têm um limite bastante moderado.

O que há de comum entre as mudanças pontuais de política econômica é que são específicas, de curto prazo e alimentam, exclusivamente, o consumo. A poupança nacional não passa de 17% do PIB, insuficiente para garantir um crescimento sustentável para anos à frente. Os estímulos são voltados para o endividamento e até mesmo o objetivo da redução dos juros buscava aumentar o endividamento dos cidadãos, apesar do crescimento da inadimplência. Os cidadãos acreditam que o governo que estimula o consumo vai acabar pagando as prestações.

Quando assisto às "apresentações" de Guido Mantega na televisão, tenho sempre a impressão de que vai anunciar uma pseudo liquidação. Tal como fazem as grandes cadeias de varejo no Brasil.

Quando alguém ouve anúncios de liquidação, pensa sempre que é o último. O definitivo. Tal como nas apresentações de Mantega.