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Scot Consultoria

Carta Conjuntura - Panorama do mercado do café


Quarta-feira, 9 de maio de 2012 - 16h53

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA). Analista de mercado do boi gordo, atacado e varejo de carne e lácteos, sementes forrageiras e insumos agrícolas. Coordenadora da Rádio Scot. Editora da Carta Conjuntura.


O Brasil é o principal produtor e exportador mundial de café arábica e o segundo maior produtor de café conilon.


Na safra 2011/2012, considerando as duas variedades, a produção foi de 43,48 milhões de sacas de 60kg, segundo dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB). A expectativa para a safra 2012/2013 é de produção recorde, 50,61 milhões de sacas. Aumento de 16,4%.


Minas Gerais é responsável por 52% da produção, seguido pelo Espírito Santo, com 23,8%. Estima-se que estes estados tiveram incrementos na produção da safra 2011/2012 de 18,75% e 4,2%, respectivamente, em relação à safra 2010/2011.


No Centro-Sul do país estão 87% dos cafezais brasileiros em produção. Os cafezais ocupam 2,07 milhões de hectares, com destaque para o estado de Minas Gerais com 50% da área em produção na safra de 2011 (CONAB).


O aumento na produção é reflexo dos investimentos que boa parte dos cafeicultores, principalmente os mineiros, realizaram no plantio, renovação e na recuperação das lavouras. As cotações da saca de café impulsionaram este cenário. Veja a figura 1.


Figura1.
Preços nominais da saca de 60kg de café arábica, em São Paulo.
Fonte: Cepea/ Compilado pela Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


O recorde de preços foi em 2011, ultrapassando o recorde de 2010. No ano passado, a cotação média da saca foi de R$494,68, diferença de 59% em relação à média de 2010. Esse preço foi reflexo da queda da produção mundial e da crescente demanda global pelo produto, o que também trouxe os estoques para os menores patamares já observados.


De forma global, a demanda firme e a produção em queda, devido principalmente a problemas climáticos nos principais países produtores, como Colômbia, Vietnã e países da América Central, levaram as cotações nas bolsas internacionais a patamares elevados. Em 2011, a bolsa de Nova York registrou as maiores cotações para o produto dos últimos 13 anos.


Nas últimas três safras, o consumo de café foi um dos maiores já vistos, acima de 130 milhões de sacas. Para a 2011/2012, o consumo mundial de café está 2% superior em relação à safra passada. Observe na figura 2.


Figura 2.
Consumo mundial de café, em mil sacas.
 
Fonte: USDA / Compilado pela Scot Consultoria - www.scotconsultoria.com.br


A União Europeia é responsável por 34,7% do consumo mundial. Apesar dos fatores que prejudicam o desempenho do bloco, como o alto nível de desemprego e a crise financeira, o consumo aumentou 5,75% em relação ao período 2010/2011. Estados Unidos e Japão, importantes consumidores, estão com o consumo praticamente estável nos últimos três anos.


Cenário distinto para os países em desenvolvimento. O Brasil é o terceiro consumidor de café. Bateu recorde na safra 2011/2012. O consumo aumentou 46,7% em relação há dez anos.


Assim como o Brasil, Rússia, Algéria e México figuram entre os principais países em desenvolvimento que são importantes consumidores e cujo consumo aumentou nos últimos dois anos.


Os estoques mundiais de café sofreram uma redução de 2,4 milhões de sacas de 2010/11 para 2011/2012, resultando em 23,97 milhões sacas. É perceptível a tendência de redução dos estoques de café no mundo, muito disso em função do aumento do consumo mundial. Além disso, o patamar elevado dos preços nos últimos dois anos favoreceram a exportação de café, diminuindo os estoques em países produtores.


A produção mundial declinou 1,88% em relação à safra 2010/2011, ficando em 133,8 milhões de sacas. Isso significa que a produção foi menor que o consumo, por si só um fator altista.


A queda na produção, a redução nos estoques, o aumento de consumo e os problemas climáticos enfrentados por importantes produtores são fatores de cotação alta. Mas desde novembro último, o contrário tem sido observado, tanto nas bolsas internacionais como nas cotações brasileiras. As quedas de preço têm considerado a crise econômica, o menor crescimento chinês e a expectativa de produção recorde no Brasil. Mês passado a cotação foi a menor desde dezembro de 2010.


A safra brasileira, cuja estimativa é de recorde, será colhida a partir de junho. Essa expectativa é a principal causa da queda de preço. Deve-se considerar, entretanto, de que forma o clima nos últimos meses afetou o desenvolvimento dos cafezais, considerando que regiões de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Espírito Santo enfrentaram períodos de estiagem.


Dessa forma, o clima no Brasil somado aos fatores citados podem contribuir para frear a queda das cotações e até mesmo incrementá-las ao longo da safra.


Colaborou Fábio Silva, trainee da Scot Consultoria.



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