O ninho de pássaro e o cubo d’água

Consideradas pelos especialistas como magníficas e sem termos de comparação com quaisquer outras unidades construídas para a prática de esportes, as duas instalações em Pequim, vistas pelo mundo com admiração pela engenhosidade chinesa, causam hoje problemas de difícil solução. Como quase sempre acontece às obras acessórias, aquelas que beneficiariam diretamente a população são esparsas. O que interessou à China foi a demonstração de grandeza e engenhosidade dos equipamentos esportivos e o sucesso de seus atletas olímpicos.

Temos fundados receios de que o mesmo venha a acontecer depois da Olimpíada do Brasil, no Rio de Janeiro. Os chamados estados fortes, onde o chefe da nação impõe aos cidadãos enorme taxação e pouca liberdade, continuam a acreditar que é preciso dar ao povo "pão e circo". A então URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - competia como se fosse um único país. Os atletas eram "amadores", todos eles profissionais das Forças Armadas. Hoje as olimpíadas são disputadas por atletas profissionais e seu sucesso divulga o país do próprio atleta.

Nós, a exemplo do caminho seguido pelos países soi disant socialistas, estamos patrocinando nossos atletas olímpicos. Os atletas brasileiros de expressão são nomeados cabos, soldados, sargentos, etc., até para atender jogos militares. Diferentemente dos norte-americanos, que têm seus atletas olímpicos formados nas universidades.

O que importa mesmo é o que se vai gastar para realizar a Olimpíada, o que vai restar para a população do Rio em termos de benefícios permanentes e, por fim, quem vai administrar os "elefantes brancos".

Por Arthur Chagas Diniz