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Scot Consultoria

Os desafios internacionais do Brasil


Quinta-feira, 29 de março de 2012 - 16h36

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Por Marcus Vinicius de Freitas O Brasil vive sua década de ouro. Internacionalmente, após os anos do presidente Lula - o Nelson Mandela brasileiro - com o fascínio de sua história de homem humilde e retirante nordestino e em razão dos resultados positivos durante a crise econômica de 2008 e seus desdobramentos posteriores, o país tem-se destacado na ordem mundial como uma potência não mais emergente, mas como um destacado player nas questões que fazem parte da agenda global. Tal posição implica alguns benefícios: ao invés de ser um mero espectador passivo, o Brasil é convocado a ter voz e a demonstrar liderança, devidamente ponderada e refletida, sobre as questões para as quais sua contribuição é esperada. Trata-se de um dos maiores desafios do país, uma vez que nossa tradição diplomática não tem sido no sentido de assumir bandeiras ou liderar grandes mudanças. A busca eterna pelo consenso, característico de nossa política externa, é, sem dúvida, o nosso maior entrave, uma vez que, como bem disse Margaret Thatcher, “onde há consenso, não há liderança.” Para liderar, é preciso vencer a barreira de necessidade de aceitação positiva que, muitas vezes, parece constituir o elemento fundamental de nossa agenda. Liderar significa tomar decisões e assumir que, raramente, tais decisões cairão no agrado da maior parte dos países. Liderar também significa diversificar as fontes de conhecimento para decisões. O Itamaraty não é suficiente nem tem a capacidade para ser o único agente condutor de nossa política externa. É preciso que se criem no país mais órgãos de pesquisa, think tanks, e o aprofundamento de estudos das áreas afeitas às relações internacionais. Neste sentido, os cursos atualmente existentes devem ser modificados no sentido de buscarem uma linha matricial de conhecimento, compreendendo estudos regionais, como Sudeste Asiático, Estados Unidos, América Latina, Europa e África, além de áreas funcionais, como Energia, Meio Ambiente, Defesa, Desenvolvimento Econômico e Social, Estratégia, Ciência e Tecnologia, dentre muitos outros. Este tipo de conhecimento é essencial para melhorarmos a qualidade de nossa política externa e trazê-la para os desafios do século XXI, quando o Brasil passará a ter um assento na tomada das decisões mais relevantes da ordem global. Ato falho, neste sentido, foi a perda de oportunidade da pressão quanto à indicação do futuro presidente do Banco Mundial. Ao não coordenarmos efetivamente a questão de uma candidatura única dentro do fictício bloco BRICS, apontando um segundo colombiano para dirigir uma instituição financeira internacional, esquecendo-se de que o BID já tem um à frente, o Brasil perde uma oportunidade importante de demonstrar liderança e coordenar com russos, indianos, chineses e sul-africanos a efetiva reforma de uma das mais importantes organizações internacionais. É preciso entender que a retórica do assento permanente no Conselho de Segurança não deve constituir a maior prioridade de asserção de poder do Brasil. Há muitos lugares onde o Brasil precisa ter voz ativa no processo de governança global. Por último, a Câmara de Deputados e o Senado Federal devem, efetivamente, ouvir da sociedade, seus experts e especialistas, o que se pretende no processo de construção da imagem internacional do país e do posicionamento deste na ordem mundial para, a partir daí, definir os termos do Brasil que pretendemos construir. Se isto não for feito, continuaremos a tomar decisões erradas. E - pior de tudo – apequenando a importância e relevância deste gigante que às vezes desperta, mas muitas vezes parece ainda querer retornar ao sono profundo.
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