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Quem não ouve Pedro, ouve coitado


Segunda-feira, 16 de janeiro de 2012 - 17h50

Problemas sociais - soluções liberais
Liberdade política e econômica. Democracia. Estado de direito. Estado mínimo. Máxima descentralização do poder.


Desde 1970, com uma conferência proferida por Milton Friedman, a Wincott Foundation tem promovido The Wincott Memorial Lectures na cidade de Londres. A distinção concedida ao conferencista resulta da importância de sua contribuição nas áreas de economia, finanças e dos negócios. The Wincott Foundation foi instituída em 1969 em homenagem a Harold Wincott, morto naquele mesmo ano. Wincott se notabilizou pelo seu trabalho, em especial no The Financial Times, contribuindo como poucos para o desenvolvimento de um jornalismo econômico de alta credibilidade. A atual crise por que passa a área do euro levou-me a reler a Wincott Memorial Lecture de 1997, proferida por Pedro Schwartz sob o título Back from the Brink: An Appeal to Fellow Europeans over Monetary Union**. O professor Pedro Schwartz é espanhol e tem se dedicado à defesa das liberdades individuais, da economia de mercado e da democracia política. No comentário de hoje, gostaria de reproduzir partes da conferência do Professor Schwartz. É instrutivo relembrarmos sua descrição do ambiente: A Europa está à beira de uma experiência sem precedentes em 1998, uma reforma monetária em escala Continental... As reações dos europeus ante essa grande jogada, como era de se prever, são diversas: entusiasmo ou rejeição em poucos, severa determinação em muitos, resignação na maioria. Essa é a hora para uma reflexão de último minuto sobre as verdadeiras razões e sobre as previsíveis consequências de uma União Monetária Europeia e sobre o melhor caminho a tomar para o bem-estar da Europa ou para o bem das nossas várias nações. … Eu não sou chauvinista, mas um cidadão de Espanha que se sente em casa em todas as partes da Europa e que gostaria de ver realismo e prudência orientarem nossas políticas. Após destacar a preocupação do povo alemão com a possibilidade da perda de disciplina monetária, Pedro descreve as condições de convergência nominal impostas aos possíveis participantes da união monetária contempladas no Tratado de Maastricht: estabilidade de preços e das taxas de juros de longo prazo, finanças públicas autossustentáveis e estabilidade cambial. Não lhe escapou a prática geral de cirurgia plástica no tratamento dos orçamentos públicos, em particular de alguns países recém-convertidos como os da peseta, da lira e do escudo. A seguir, descreve com muita propriedade os problemas que se acumularão na medida em que a união se estabeleça: o status legal do euro, o papel do Banco Central Europeu e o processo decisório de seu Conselho, as regras financeiras em cada país participante, as diferentes distorções nos mercados de trabalho, a dificuldade de conciliação das políticas agrícolas dos países participantes, assim como o risco que cada país corre ao aderir à União Monetária se sua taxa de câmbio não for a certa. A clarividência de Pedro emerge da sua análise dos aspectos econômicos a favor e contra o estabelecimento de uma união monetária. Infelizmente, em sua avaliação, essa cuidadosa análise econômica não serve para nada: A UME é mascateada como uma política nossa para curar todas as doenças. Os alemães querem a União para impedi-los de seguir os caminhos nazistas. Os franceses desejam ser curados de seu complexo de inferioridade. Os italianos desejam se tornar uma nação. Os espanhóis desejam enterrar Franco. Os portugueses desejam ser franceses. Os gregos não querem ser turcos... Às vezes eu penso que o Mercado Comum deveria ter sido fundado não em Roma, mas em Viena, no divã do Dr. Freud. Consciente de que o euro é uma jogada política, observa: Alguns dos padeiros do euro querem criar uma moeda que sirva de reserva e que possa olhar o dólar no olho. Isso se ajusta muito bem à atitude antiamericana prevalecente nos círculos do Continente que esqueceram que a América salvou nossas liberdades três vezes em um século, sendo a última durante a guerra fria. Mais adiante sugere: A tarefa que se impõe aos liberais europeus é a de impedir que a União se transforme em um reflexo amplificado de nossos Estados de bem-estar intervencionistas, inundada com regras e regulamentos, crivada de agricultores subsidiados, fraudes fiscais, agentes de mercados negro, falsos desempregados e de malades imaginaires. Desgraçadamente, os conselhos e alertas de Pedro não foram ouvidos. Resta à área do euro juntar os cacos. Como diriam os antigos: Quem não ouve conselho, ouve coitado.
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