Sentimento de estabilidade

Vamos olhar como anda o diferencial de base entre a arroba de São Paulo e o restante do país. Observe o gráfico abaixo. Sob o ponto de vista de deságio da arroba, a situação já esteve melhor para o pecuarista. O deságio hoje está girando ao redor de 11% de desconto sobre a arroba de SP. Na entressafra passada essa mesma média girou ao redor de 9%. Isso daí foram também os valores que eram praticados na safra do ano passado. Seguindo em frente, vamos dar uma olhada nas escalas de abate. As escalas estão baixíssimas, ao redor de três dias em média, dando razão para os preços sustentados de hoje. Mais um gráfico, a arroba e a carne no atacado. Observe a estabilidade da arroba desde dezembro. Observe também que a carcaça casada está querendo cair, porém não consegue se desvencilhar muito da arroba e acaba subindo, sustentando os preços. O mesmo ocorre no traseiro, ele veio em queda desde o pico do ano passado, mas não está conseguindo cair muito abaixo, relativamente, de onde a arroba do boi está. Por último, faz tempo que não coloco esse gráfico aqui, a arroba em dólares. A alta desde 2008, só fez reafirmar o robusto movimento construtivo do boi visto pela média de longo - prazo (linha vermelha). Tudo isso me trás um sentimento de estabilidade ao mercado atual. Quero dizer, olhando para esses gráficos não há espaço para mais altas no atacado, você repara que ele cai e logo sobe, não há muito espaço para queda da arroba, você repara isso nas curtas escalas de abate. As exportações, com um dólar desses, vão indo, vão indo, mas não estão aquela maravilha que poderia ser. É isso. Estabilidade. Equilíbrio. Isso daí está dentro do cenário que temos em mente desde o último trimestre do ano passado. Dentro também da fase atual do ciclo pecuário que comentamos aqui anteriormente. Não dá para sair muito ao redor disso, por enquanto, na safra. Mas... A base atual dos preços para a safra é recorde histórico. Se essa base permanecer aqui, o que dizer da entressafra com seus preços praticamente iguais aos atuais? De duas, uma. Ou a turma está pensando que haverá bois, muitos bois, para suprir a demanda no segundo semestre, ou o consumo interno diminuirá muito para esfriar os pecuaristas. Os dois argumentos carecem de ser melhor elaborados, a meu ver, pois somente isto daí não justificaria, de verdade, na minha simplória, humilde, tosca e com a profundidade de um pires opinião, um segundo semestre relativamente estável em relação ao primeiro.
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