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Scot Consultoria

A importância do manejo após o desaleitamento de bezerras leiteiras


Segunda-feira, 27 de dezembro de 2010 - 16h29

Engenheiro agrônomo, doutor em produção animal e pesquisador científico/APTA Colina-SP.


Em sistemas de produção de leite, a criação de bezerras na fase compreendida do nascimento ao desaleitamento exige práticas de manejo eficientes e muitos cuidados. O período neonatal (até 28 dias de idade) é a fase mais crítica, representando 75% das perdas durante o primeiro ano de vida. Para evitar estas perdas, os técnicos e produtores devem estar atentos à saúde e ao crescimento das bezerras antes, durante e no período imediatamente após o parto. Dentre os fatores mais importantes e críticos na criação de bezerras destacam-se os cuidados com as vacas antes do parto, o fornecimento do colostro, a cura do umbigo, o fornecimento da dieta líquida, o desenvolvimento do rúmen e o estresse pós-desaleitamento. Os manejos sanitário, nutricional e ambiental adequados são fundamentais para a produção eficiente de bezerras, minimizando a mortalidade e aumentando a lucratividade, tanto na reposição de matrizes do rebanho como na comercialização de novilhas excedentes e de machos para reprodução ou para o abate. CUIDADOS NO MANEJO APÓS O DESALEITAMENTO (60 DIAS DE IDADE) A atenção por parte do tratador após o desaleitamento deve ser redobrada, pois este é o período estressante para as bezerras, momento que os animais passam por várias mudanças simultaneamente, em curto espaço de tempo. As principais são: a alimentação muda de líquida para ingredientes sólidos; a bezerra se transforma em ruminante e tem que se adaptar a novo processo de digestão e fermentação; a quantidade de matéria seca da alimentação é reduzida drasticamente; ocorrem mudanças de ambiente; vacinações; maior contato com parasitos; convivência com outros animais, entre outras. Todos estes fatores predispõem as bezerras a inúmeros problemas, principalmente de ordem sanitária, como o aumento do índice de mortalidade e morbidade, causadas por doenças respiratórias e pela tristeza parasitária. Vale ressaltar que, na maioria das fazendas leiteiras no Brasil, a prática geralmente executada é o simultâneo desaleitamento da bezerra (interrupção de fornecimento de leite) e mudanças de ambiente, comumente seguido de nova dieta e contato com novos animais, causando maior estresse aos mesmos. As bezerras que são submetidas ao menor estresse possuem melhor desenvolvimento quando são deixadas nos abrigos móveis (casinhas) depois do completo desaleitamento. É importante deixá-las nas casinhas antes de serem transferidas, por pelo menos sete dias, momento em que o estresse ao desaleitamento é potencializado devido à adoção de outras práticas de manejo. Durante esse período o consumo de concentrado aumenta e estabiliza, favorecendo a adequada ingestão de nutrientes pelo animal. É importante também manter a mesma composição do concentrado quando as bezerras forem transferidas e colocadas em pequenos grupos. Em seguida a este manejo, as bezerras podem ser recriadas, seguindo as seguintes recomendações: 1º LOTE COLETIVO (TRANSIÇÃO) Nesta fase ocorre a segunda maior incidência de doenças. Então, é de suma importância cuidados especiais com as bezerras, principalmente quanto aos aspectos nutricional e sanitário. O tamanho do lote não deve exceder oito animais (peso de 75 a 100kg). Este procedimento permite que os mesmos sejam observados mais criteriosamente. A área necessária nos piquetes deve ser de 15 a 45 m2/animal. Já a área de cocho é de 30 cm/animal e de sombra 1 m2/animal. O manejo alimentar nesta fase consiste de dieta contendo: - Volumoso: dar preferência ao feno de alta qualidade, podendo fornecer também gramíneas verdes, silagem de milho, silagem de sorgo ou cana-de-açúcar. - Concentrado: utilizar o mesmo que estava sendo utilizado na fase anterior e a quantidade a ser ofertada dependerá da qualidade dos alimentos volumosos disponíveis e dos objetivos da exploração, principalmente da idade desejada para a primeira parição. Normalmente, limita-se em, no máximo, 2,5kg de concentrado/animal/dia. Além disso, o suplemento mineral específico para esta fase da criação deve estar à disposição dos animais. A água deve ser limpa, fresca e à vontade. “... o suplemento mineral específico deve estar à disposição dos animais, além de água limpa e fresca à vontade.” O programa de controle sanitário deve ser adotado de acordo com as enfermidades que ocorrem na região e legislação vigente. A condição corporal recomendada nesta fase deve ser maior que 3,0. 2º LOTE COLETIVO Da mesma forma, o tamanho do lote não deve exceder oito animais (peso de 100 a 125kg). A área necessária nos piquetes, a área de cocho e de sombra são as mesmas adotadas na fase anterior. Quanto à alimentação, pode-se utilizar concentrado de menor custo (alimentos alternativos) para substituir o milho e o farelo de soja, respeitando-se a limitação nutricional. A quantidade deve ser de, no máximo, 2,5 kg/animal/dia. Com relação à pastagem, nesta fase, os animais devem dispor, com exclusividade, de pelo menos dois piquetes para rodízio. As bezerras são muito seletivas no pastejo, sendo a qualidade e disponibilidade de pasto de grande importância para o desenvolvimento das mesmas. A carga animal durante esta fase deve ser branda. Da mesma forma, o suplemento mineral específico deve estar à disposição dos animais, além de água limpa e fresca à vontade. A condição corporal nesta fase deve ser de 3,0 a 3,5. 3º LOTE COLETIVO O tamanho do lote pode ser maior e comportar de 15 a 20 animais (peso de 125 a 175kg). A área de cocho deve ser de 40 cm/animal e deve-se manter os cuidados com a sombra. O fornecimento de concentrado às bezerras é dependente da qualidade do volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. Em geral, nesta fase é necessário o fornecimento de 1 a 2kg de concentrado com 16% de proteína bruta (PB) e 66% de nutrientes digestíveis totais (NDT). Na elaboração do concentrado podem ser utilizados alimentos alternativos regionais, disponíveis a baixo custo. “Na elaboração do concentrado podem ser utilizados alimentos alternativos regionais, disponíveis a baixo custo.” Com relação à pastagem, nesta fase, os animais devem dispor, com exclusividade, de pelo menos dois piquetes para rodízio, e a forragem deve ser de boa qualidade e com maior oferta. “A taxa de lotação adotada dependerá da época do ano e, principalmente, da oferta de forragem e do nível de suplementação adotado no sistema.” A taxa de lotação adotada dependerá da época do ano e, principalmente, da oferta de forragem e do nível de suplementação adotado no sistema. O suplemento mineral específico deve estar à disposição dos animais, além de água limpa e fresca à vontade. A condição corporal nesta fase deve ser de 3,0 a 3,5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Se tais práticas de manejo - alimentação correta da vaca gestante, o fornecimento do colostro o mais cedo possível após o nascimento, o manejo adequado durante a fase de aleitamento e a redução do estresse após o desaleitamento - forem adotadas nos sistemas de produção de leite no Brasil, propiciarão menores taxas de morbidade e mortalidade das bezerras. Ou seja, promoverão maior eficiência técnica e econômica da atividade leiteira. Vale ressaltar que o mais importante, nesta fase, é propiciar boas condições corporais para as bezerras, evitando-se que elas fiquem subnutridas ou supercondicionadas.
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