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Scot Consultoria

Variações qualitativas do feno de alfafa


Quarta-feira, 15 de dezembro de 2010 - 17h41

Engenheiro Agrônomo e Mestre em Nutrição Animal pela ESALQ/USP. Sócio-consultor da Boviplan Consultoria Agropecuária.


Colaborou Roni Aparecido Videschi, graduando em zootecnia – UNESP-Botucatu A alfafa (Medicago sativa) foi a primeira espécie de planta forrageira a ser domesticada pelo homem e, devido ao seu grande poder de adaptação a diferentes tipos de clima e solo, se tornou conhecida e cultivada em quase todas as regiões agrícolas do mundo. De origem primária do noroeste do Irã e nordeste da Turquia foi introduzida na América Latina durante a colonização do México e Peru, se expandindo pelo Chile, Argentina e Uruguai, chegando ao Brasil através de imigrantes europeus e dos países vizinhos da América do Sul. Trata-se de uma planta de cultivo perene, pertencente à família Fabaceae e subfamília Faboideae. O seu cultivo é mais freqüente em regiões de clima temperado. Estima-se que 32 milhões de hectares são cultivados com esta forrageira no mundo e, no Brasil, aproximadamente 26.000 hectares. Apesar de seu cultivo ser típico de clima temperado, vem sendo cada vez mais testada em algumas regiões específicas de clima tropical, em especial as regiões das bacias leiteiras de Minas Gerais e São Paulo, visando viabilizar o uso de um volumoso de boa produção e alto valor nutricional no sistema de produção leiteira. A alfafa responde a um manejo específico mediante associação com características morfisiológicas e condições edafoclimáticas da região onde é cultivada, sendo a temperatura ideal para o seu desenvolvimento em torno de 15 a 20°C e, para uma boa germinação, entre 20 a 30°C. Entretanto, existem espécies de alfafa que podem sobreviver em condições climáticas adversas, como, por exemplo, a alfafa de flor amarela (Medicago sativa), que sobrevive em temperaturas de até -26°C e pode ser cultivada em regiões cuja temperatura pode chegar a 54°C. Altos índices de produtividade podem ser obtidos quando a forrageira for cultivada em solos férteis e corrigidos para pH entre 6,5 e 7,5 e saturação por bases acima de 80%. Esta forrageira pode ser utilizada de várias formas. Entre elas, o pastejo é o mais econômico, porém, apresenta algumas implicações que podem prejudicar o seu aproveitamento. O consumo da planta verde, pelos animais, pode ocasionar problemas de timpanismo e, com o pastejo direto, a produção é prejudicada pelo pisoteio, arranquio com o bocado e descanso dos animais que deitam em cima das plantas. Para evitar estes inconvenientes a alfafa pode ser colhida e fornecida verde aos animais no cocho, ensilada ou como feno. No Brasil, o fornecimento e armazenamento da alfafa são comumente realizados na forma de feno. Antes de implantar um campo de alfafa para pastejo ou fenação, o produtor deve analisar o local para escolha do cultivar mais adequado às condições. A EMBRAPA desenvolveu vários cultivares que melhor se adaptam a algumas regiões do país, como por exemplo, o cultivar Crioula para o Rio Grande do Sul (região de Guaíba), Santa Catarina (região de Lages), Paraná (Bandeirantes), São Paulo (Piracicaba, Botucatu, São Carlos), entre outras regiões. A alfafa apresenta produtividade média de matéria seca de 8.684 kg/ha, com variação de acordo com o período do ano. Em contrapartida, os cultivares de Brachiaria brizantha apresentam produtividade anual em torno de 16.000, 15.500 e 17.000 kg/ha para Marandú, Piatã e Xaraés, respectivamente. No entanto, mesmo com a menor produção quando comparada a gramíneas forrageiras, há a compensação pelo alto valor nutricional que apresenta e por seu feno apresentar praticamente o dobro do teor de proteína bruta em comparação com feno de Coast cross, por exemplo. Para a obtenção de feno de qualidade, independente da espécie forrageira, é importante o produtor se ater a algumas variáveis que influenciam diretamente na produtividade e nos padrões qualitativos do feno a ser produzido. Fatores como fertilidade do solo, disponibilidade de água no solo, existência de plantas daninhas, maturação da planta e alguns aspectos em relação à colheita da planta e armazenamento do feno podem interferir, consideravelmente, na qualidade nutricional da forrageira colhida e fornecida aos animais. A qualidade do campo de feno, referindo-se à existência de pragas e plantas daninhas também influencia diretamente na qualidade do material. Um local repleto de plantas invasoras, além de diminuir a qualidade nutricional do feno, se contiver dentre as invasoras plantas tóxicas, pode comprometer a saúde dos animais que vão consumir o feno. Para o corte da alfafa, quando atinge de 10 a 20% do florescimento, a planta possui 75 a 80% de umidade, que deve ser reduzida com cuidado para conservação na forma de feno. A secagem excessiva ao sol provoca a queda das folhas e, apesar de corresponder a menos de 50% do peso do feno, apresenta cerca de 70% da proteína e 90% do caroteno. Assim, devido ao processo de fenação exigir a exposição ao sol, até que ocorra a redução do peso em 50%, e a posterior secagem do material à sombra, com o amontoamento do material são geradas condições propícias ao desenvolvimento de fungos. Este fato pode depreciar a aparência e reduzir a qualidade do material pela presença de esporos, além do possível aparecimento de outros microorganismos. O período de armazenagem do feno também afeta a qualidade da forragem. Uma alternativa, que tem sido amplamente pesquisada devido à dificuldade de fenação da alfafa e do possível aparecimento de microorganismos no feno, é o uso de aditivos para conservar e/ou melhorar o valor nutricional da forragem conservada. O tratamento da forragem com aditivos para a produção de feno, quando enfardados com alta umidade, deve ser considerado em relação às perdas qualitativas ocasionadas pelo aparecimento de microorganismos e a elevação do fator nutricional quando se utilizam aditivos nitrogenados. A cada dia faz-se mais necessário o aumento da rentabilidade dos sistemas de produção animal e o incremento da produtividade é determinado pelos custos e qualidade do alimento fornecido aos animais. Assim, devem ser considerados os fatores que alterarão a qualidade do feno, para que o alimento não perca o seu valor nutricional e as características que influenciarão na rentabilidade do sistema produtivo. Literatura consultada BOTREL, M., de A.; FERREIRA, R.deP.; ALVIM, M. 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