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Scot Consultoria

Expectativas para arroba do boi gordo


Segunda-feira, 22 de novembro de 2010 - 16h13

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Vamos a quatro gráficos hoje, caro leitor. O primeiro é um comparativo entre o preço da arroba do boi e a carne bovina. Desde o início de 2010 a arroba do boi veio em uma corrida para pegar a carne, mas a carne sempre ia mais rápido. A gente chegou a comentar isso alguns meses atrás. Observe que agora a arroba pegou a carne. Só que daí a carne cansou da brincadeira e veio com uma surpresa — começou a cair! Lá vai a arroba pegar a carne de novo, dessa vez para baixo. O timming da carne caindo agora é a coisa interessante. Coincidência? Nem tanto. A relação boi/carne é tão acompanhada pelos frigoríficos/supermercados como a relação boi/bezerro o é pelos invernistas/frigoríficos. Só que a relação da carne é briga de cachorro grande, caro leitor, e não traz para nós, da porteira para dentro, um prognóstico favorável para janeiro e fevereiro, durante o período de férias da molecada. Porque não menciono o dezembro? Olha, sobre o próximo mês ainda não tenho uma opinião formada, até porque dezembro para mim já é curto-prazo, e sou péssimo em analisar o curto-prazo. Quando analiso qualquer coisa na pecuária minha cabeça tende a ver tanto os fatores altistas e baixistas para os preços. No longo-prazo essas relações ficam mais transparentes. No curto-prazo, embaralham tudo na cabeça. O que tenho escutado bastante da turma é que o mercado tem chances de dar um repique em dezembro. A razão disso é que a turma acha que o pecuarista antecipou a venda dos animais, quem tinha animais, é bom dizer, para ao redor desses dias que antecederam o pico e ao redor dessas duas últimas semanas. Isso, dizem, poderá gerar um vácuo na oferta de dezembro. Hei, é só o que o pessoal das corretoras e os bate-papo do twitter falam ultimamente. Não consigo achar a lógica nesse raciocínio. Dizer que o cara antecipou o boi gordo do mês que vem para agora? Para mim boi gordo é boi gordo e ponto final. Mês que vem tem mais boi. Teria, de qualquer forma. Mas não tiro a razão dos que acham que em dezembro o mercado pode dar uma subida. Tecnicamente existe, sim, nos gráficos, motivo para o mercado não derreter assim tão rápido sem um suspiro aqui e ali daqui para a frente. Deixe-me mostrar o gráfico abaixo. É um gráfico da arroba do boi com uma espécie de estudo fibonacci móvel. Até onde sei nunca vi isso em lugar algum. Observe. Se você der uma olhada aqui verá o topo atual da arroba nos limites extremos do gráfico, algo parecido como foi em 2008. Depois do pico de 2008, quando a arroba começou a cair, ela veio testando essas linhas, caindo reticentemente ao longo dos meses. Acho que a gente pode esperar algo parecido para as próximas semanas. O primeiro nível aqui é ao redor de 100 a 105 reais. É mais ou menos onde está o contrato de dezembro agora, no limite de baixa, digamos, da banda. Mas não sei, sinceramente. Essas duas últimas semanas fiz algo que não gosto de fazer. Respondi várias vezes a pergunta: A arroba vai cair ou vai subir nos próximos dias? Não faz sentido, para mim, que acompanho mercado diariamente prever o curto-prazo, exatamente porque sei, por acompanhar o mercado tanto assim que o curto-prazo é imprevisível. Então tomei uma decisão. Não vou mais responder esse tipo de pergunta. Aliás, nem sei porque respondi essas questões esses últimos dias. Já tinha falado para mim mesmo que não ia fazer mais isso. Mas agora é sério, hein! O próximo gráfico é o terror dos exportadores. Realmente tenho que dar a mão prá bater. Como a arroba subiu em dólares ultimamente. É impressionante. Observe. A arroba bateu praticamente 70 dólares três semanas atrás. Eu fico olhando para esse gráfico e me pergunto. Caramba, em 2006 a arroba valia só 25 dólares? Hoje vale quase três vezes mais. Não é à tôa a chiadeira. Mas tenho que dizer que boa parte dessa valorização da arroba em dólares se deve ao fato do dólar propriamente dito estar perdendo valor no mundo inteiro. Poucas pessoas ainda estão de dando conta que a moeda americana está em um processo contínuo de se desvalorizar perante as moedas dos países produtores de commodities, como o Brasil, por exemplo. Até mesmo no grupo mais amplo dos países emergentes o dólar está perdendo valor. Esse é um fenômeno que ainda não há consenso sobre as repercussões futuras na economia. Há quem acha que teremos deflação à lá Japão. Ou teremos hiper-inflação à lá Zimbábue. Não sei. Para terminar, o ouro. Só sei que o ouro continua a se valorizar, tanto em praticamente todas as moedas do mundo. Coloquei o gráfico do ouro semana passada. Deixe-me colocar aqui ele novamente com um ângulo diferente. Quanto vale uma arroba de boi em ouro? Bem menos que doze anos atrás, com certeza. A queda tem sido constante e não vai parar por aqui. Um conselho de amigo. Passe a fazer suas contas em ouro, e não mais em dólar. Compre ouro, se puder. Você compra ouro em qualquer corretora da bolsa. Pergunte para o seu corretor. MOVIMENTAÇÃO DO MERCADO: Boi -- Indicador ESALQ/BVMF do boi, que mede a variação dos preços da arroba no Estado de São Paulo, fechou a semana com –6,25 a R$110,53 à vista; R$110,40 a prazo. Cotações em R$ por arroba. A média móvel de 5 dias fechou em R$113,80. O contrato de novembro/10 fechou com +1,46 a R$107,55. A diferença hoje entre o contrato de novembro e a média é de –6,25. O contrato que vence em dezembro/10 fechou com –3,3, a R$99,50; janeiro/11 –2,32 a R$96,36; fevereiro/11 –1,36 a R$ 95,14 e abril/11 +0,03 a R$ 89,02. Todos os vencimentos estão cotados com o fechamento da sexta-feira e com a indicação semanal da variação de preços. Bezerro - Indicador ESALQ/BVMF de bezerro, que mede a variação dos preços no Estado do Mato Grosso do Sul, fechou a semana com +0,38 cotado a R$717,50 à vista; R$718,51 a prazo. Cotações em R$ por bezerro. Todos os vencimentos estão cotados com o fechamento da sexta-feira e com a indicação da variação semanal. Taxa de Reposição - Índice de reposição “cheio” (considerando os valores nominais dos indicadores da ESALQ/BVMF) fechou em 2,54 bezerros/boi, caindo 0,15 na semana. Dólar - Dólar comercial fechou com –0,29% a R$1,718. Dólar futuro com vencimento no início de dezembro fechou com –0,32% a R$1,723; janeiro fechou com –0,32% a R$1,735. Juros - A taxa de juros do governo (SELIC) está hoje em 10,75% ao ano. Inflação – IGP-M de outubro +1,01%. Acumulado no ano +8,64%. Acumulado nos últimos doze meses (novembro-09 a outubro-10) +8,48%. Assim como os contratos de boi e bezerro se encerram pelo preço dos seus respectivos indicadores, o dólar se encerra pelo preço do dólar do Banco Central nas datas acima indicadas. Frigoríficos* - A arroba nos frigoríficos foi cotada hoje em São Paulo ao redor de R$110,00; no Mato Grosso do Sul, Dourados a R$101,00 (Base –8,2%) e em Campo Grande ao redor de R$101,00 (Base –8,2%). A arroba em Goiânia foi cotada ao redor de R$104,00 (Base –5,5%). Em Cuiabá está em R$100,00 (Base –9,1%). No sul do Tocantins a arroba foi cotada em R$100,00 (Base –9,1%). No Triângulo Mineiro ao redor de R$104,00 (Base –5,5%). * Fonte das arrobas dos frigoríficos a prazo e livre do Funrural: Informativo Boi na Linha, da Scot Consultoria. CONCLUSÃO: Semana agitada novamente, com o mercado físico caindo forte, porém o mercado futuro subindo e descendo durante a semana que deixa a gente meio sem rumo, mas acabou fechando com uma leve queda dezembro adiante, e o novembro um pouco de alta. A gente tinha comentado semana passada que o contrato de novembro tinha caído demais... Parece que o mercado estava com a mesma opinião. Estou em São Paulo, caro leitor, para um almoço segunda-feira na bolsa. Semana que vem conto mais sobre esse almoço. Abraços.
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