Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.
Saiu na quinta-feira a decisão do Copom: mais uma alta na taxa de juros no Brasil. Agora é 19,50% ao ano. O aumento foi de 0,25 ponto percentual.
Somos os campeões mundiais em taxa de juros. O juro real (desconta a inflação projetada) é de 12,5% ao ano. O Chile tem taxa real de 0,4% ao ano. Isso só para citar um exemplo.
O governo se equivocou na decisão. Os preços estão subindo pela indexação das tarifas administradas. Os preços livres, que seguem em parte o mecanismo de oferta e procura, estão estáveis. É o remédio errado. Inflação de custos não se combate com de alta de juros.
É preciso sair da mesmice, ou seja, utilizar somente a receita ortodoxa. Está na hora de atacar a cadeia produtiva, analisar possibilidade de negociar reajustes automáticos, e acima de tudo ser pró-ativo.
O que mais nos deixa estarrecidos é que o próprio Presidente da República se diz “surpreso”. Pessoalmente entendo que o Banco Central tem que ser autônomo, mas não podemos confundir autonomia com teimosia. Querem ser mais realistas que o rei.
Essa alta só cria um ambiente de mal-estar e não resolve absolutamente nada no contexto da inflação. Talvez a inflação caia de 5,6% para 5,5%, ou seja, paga-se um preço muito alto para pouco resultado.
Está mais que na hora dos agentes econômicos que vivem no mundo real da economia, onde a coisa acontece, iniciar um movimento de pressão para mudar esse estado de coisas.
Afinal cadê o modelo econômico do governo liderado por Lula? Não foi a crítica ao modelo anterior que o levou ao poder?
Se fosse para manter a ortodoxia e usar os mesmos mecanismos anteriores talvez tivesse sido melhor o FHC fazer seu sucessor, pelo menos não teríamos perdido o ano de 2.003.
Juros altos: só o Banco Central ainda acredita nele. Ou será que a pressão da comunidade financeira internacional fala mais alto? Será?
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