por Daniele Balestrin
O manejo adequado – nutrição, irrigação, controle de pragas, doenças, plantas invasoras, etc. – aliado a outros fatores, como a escolha do cultivar e o clima, está diretamente relacionado à produtividade da cultura.
De acordo com Lorenzi (2006), planta daninha é qualquer ser vegetal que nasce onde não é desejado. Quando crescem juntamente com culturas agrícolas, as plantas daninhas interferem no seu desenvolvimento, levando à redução da produção. Ocorre a competição por elementos vitais (água, luz, gás carbônico e nutrientes), além de exercer alelopatia, prejudicando o desenvolvimento de outras plantas.
Em seu trabalho Pitelli (1989), citado por Homma et al. (2006), distinguiu dois tipos básicos de invasoras que se instalam em pastagens:
1. Em pastagens bem formadas, com forrageiras de alto poder de ocupação de solo e com manejo adequado de animais, nas quais as oportunidades de infestação por espécies ruderais extremas são reduzidas. As espécies que predominam são caracteristicamente arbustos e árvores de pequeno porte, não apresentando grande alocação de recursos em estruturas reprodutivas e, portanto, suas populações crescem de maneira relativamente lenta, exigindo controle pouco freqüente e menos rigoroso; e
2. Pastagens mal formadas ou manejadas inadequadamente em que não há ocupação efetiva do solo, submetidas às superlotações. Assim, as espécies com características mais eletivas na reprodução predominam, apresentando ciclo curto e mais rápido crescimento populacional.
Além de prejudicarem o desenvolvimento da forragem e evitarem que as forrageiras atinjam plena capacidade de suporte, as plantas invasoras de pastagens depreciam o couro dos animais devido aos arranhões e, quando tóxicas, podem levá-los à morte. Muzik (1970) citado por Homma et al. (2006) ressalta que as invasoras causam à agricultura perdas e danos mais notórios que pragas e doenças das plantas cultivadas.
Controle de plantas invasoras
O controle de plantas invasoras consiste na adoção de práticas que visam à diminuição e/ou erradicação da população de plantas indesejáveis. A erradicação resulta na completa remoção de todas as sementes e estruturas vegetativas da invasora, em uma determinada área. Algumas formas de controle são apresentadas a seguir:
1. Controle preventivo
O controle preventivo consiste em práticas que visam prevenir a introdução, estabelecimento e/ou disseminação das plantas invasoras em uma área não infestada anteriormente. Entre as medidas preventivas, Homma et al. (2006) destaca:
- Limpeza de roupas e calçados dos trabalhadores que circulam em áreas infestadas;
- Limpeza cuidadosa de tratores e implementos;
- Evitar a fermentação de esterco e materiais orgânicos;
- Uso de sementes (ou mudas) idôneas;
- Isolamento de áreas e quarentena de animais provenientes de zonas infestadas;
- Evitar a introdução de espécies ornamentais que possam posteriormente migrar para a área de pasto;
- Adubação de manutenção, com ênfase ao fósforo, para manter o nível de nutrientes suficiente para garantir o vigor e a longevidade produtiva da pastagem, no solo.
2. Controle cultural
Consiste na utilização de práticas que proporcionam à planta forrageira maior habilidade competitiva com as invasoras, por meio da ocupação do solo disponível, como a correta adubação com N, P e K e utilização da quantidade recomendada de sementes e de espécies adaptadas ao ambiente e ao manejo adotado.
Para que o controle cultural ocorra satisfatoriamente é necessário conhecer a ecologia das plantas infestantes – reprodução, dispersão, capacidade competitiva, densidade populacional, banco de sementes, variações demográficas, etc.
3. Controle manual
Arranquio (uso de enxadão)
Considerada pouco eficiente e onerosa, a medida envolve grande quantidade de mão-de-obra. Deve ser efetuada, segundo Homma et al (2006), antes da florada e frutificação, para evitar a disseminação de sementes, e seguida de vedação para recuperação do pasto.
Roçada manual (uso de foice)
Bastante utilizada quando se trata de plantas arbustivas ou arbóreas. Consiste no corte da parte aérea da plantas, sem que o sistema radicular seja afetado, com a foice. Notadamente é um método de baixa eficiência, visto que as plantas rebrotam vigorosamente, comportando-se como se tivessem sido submetidas a uma poda.
4. Controle mecânico
Roçada mecânica
É baseada na utilização de roçadoras de arrasto, hidráulica e outras. Apesar de apresentar bom rendimento e baixo custo, não tem controle efetivo das invasoras, que também rebrotam com vigor. Tende a reduzir a disponibilidade e, conseqüentemente, a capacidade de suporte, uma vez que não se trata de um método seletivo (corta o capim e as leguminosas junto com as invasoras). Freqüentemente é utilizada como prática que antecede a aplicação de herbicidas.
Subsolagem
Esse método consiste na utilização de implementos que têm como função primária a descompactação do solo e o corte de raízes. O corte das raízes ocorre a profundidades previamente determinadas, sem que haja erradicação da forrageira. A subsolagem é um processo oneroso (há necessidade de tratores de alta potência que operam com elevado consumo de combustível) e é restrita a algumas espécies arbustivas, possuidoras de raízes pivotantes. Plantas que têm raízes superficiais ou caule subterrâneo não são afetadas.
5. Controle biológico
Utilizam-se inimigos naturais (vírus, insetos, fungos, bactérias, ácaros, peixes, aves e mamíferos) para o controle das invasoras.
6. Controle químico
O controle químico é caracterizado pelo uso de produtos químicos denominados herbicidas, que impedem o desenvolvimento da planta invasora ou a levam à morte. Apenas dez grupos químicos são autorizados pelo MAPA, como mostra a Tabela 1.
É um processo de alto rendimento (até 15 ha/dia) e com facilidade de trabalho. Apesar de ter um custo inicial alto, é viável pela posterior economia proporcionada na manutenção da pastagem (NUNES, 2001).
Para obter sucesso com a adoção do controle químico é necessário conhecer alguns fatores, tais como:
- Pastos com adiantado grau de degradação devem ser reformados, portanto, o controle das invasoras remanescente deve ser posterior;
- As plantas invasoras ocorrentes na área devem ser identificadas – plantas com folhas coriáceas têm maior dificuldade na absorção do produto, portanto deve-se utilizar um aditivo apropriado - assim como a suscetibilidade delas aos produtos químicos, para uma melhor escolha do herbicida, garantindo desta forma maior eficácia e economia;
- A aplicação de herbicidas sistêmicos deve ser feita quando as plantas invasoras estiverem em pleno crescimento vegetativo e com maior área foliar, já que quando as plantas estão no estádio de reprodução ou florescimento, a translocação do produto até as raízes é bastante reduzida;
- Em áreas muito infestadas deve-se fazer a aplicação tratorizada.
Modos de aplicação
A. Aplicação foliar
É o método mais utilizado nas pastagens. O porte das plantas, tamanho da área infestada e tipo de infestação determinam a escolha por aplicação em área total (grandes áreas com infestações maiores do que 40%; aplicação tratorizada ou aérea; volume de calda recomendado: aplicações tratorizadas: entre 200 e 300 l/ha; aplicações aéreas: 50 l/ha ou dirigida (pequenas áreas, com infestações menores do que 40%; utilização de pulverizador costal ou adaptado à tração animal; a aplicação deve ser realizada na estação chuvosa, quando as plantas estão em plena atividade metabólica e apresentam boa área foliar para absorção dos herbicidas).
Segundo Nunes (2001), a aplicação do herbicida é favorecida quando a temperatura for inferior a 30 oC e a umidade relativa do ar (UR) for maior do que 60 %, e só é eficiente quando o produto atinge a invasora, fica retido nas folhas e absorvido e depois translocado, sendo a cobertura uniforme.
B. Aplicação no toco
A aplicação no toco é aconselhável para plantas resistentes à aplicação foliar e/ou de porte elevado. Após o corte rente ao solo da planta invasora, a aplicação do herbicida é feita de forma dirigida com pulverizador costal ou pincel, tendo como alvo o centro do toco. Recomenda-se que seja usado um corante na calda para que as plantas tratadas sejam marcadas.
C. Aplicação basal
Utilizada em arbustos de grande porte e/ou plantas resistentes a aplicações foliares. O herbicida é aplicado nos caules com pulverizador costal ou pincel, até 40 cm de altura. Geralmente utiliza-se óleo diesel. Em plantas muito resistentes, é feito um anelamento total ou os cortes são feitos manualmente, antes da aplicação.
D. Tratamento do solo
Neste método são utilizados os herbicidas granulados que, com as chuvas, são infiltrados no solo, absorvidos pelo sistema radicular e translocados para a parte aérea. A aplicação é feita depositando-se os grânulos ao redor do caule da invasora ou a lanço, no caso de plantas espinhosas.
Daniele Balestrin
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>