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País pode deixar de processar 50,0 milhões de toneladas de cana-de-açúcar anuais devido à crise


Sexta-feira, 14 de março de 2014 - 08h53

O setor sucroenergético segue em crise, empresas estão fechando as portas e encerrando as atividades. A maioria pressionada pela Política de Combustível do governo, que segura o preço da gasolina e impede o aumento do álcool.


Nos últimos anos cerca de 40 usinas fecharam as portas e outras 15 já indicam o encerramento das atividades ou funcionamento a partir de pedidos de recuperação judicial. Se reunir a capacidade de moagem de todas essas empresas juntas, 50,0 milhões de toneladas de cana anuais deixarão de serem processadas, o que também representa a extinção de milhares de postos de trabalho.


Em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, um dos principais polos de produção de cana-de-açúcar do país, os equipamentos estão velhos e os galpões destelhados. Em uma das usinas da região, o mato nasceu e cresceu sobre as caçambas que eram usadas no período de produção.


- A empresa já quebrou e não tem mais futuro. Esse governo, na história, vai ser lembrado como o que enterrou de vez um programa de energia alternativa do pais - lamenta o empresário, Maurílio Biagi.


A falta de competitividade do etanol em relação à gasolina é apontada como o principal fator que desencadeou a crise no setor. O combustível produzido a partir da cana-de-açúcar passou a ser desvantajoso e pouco remunerador. Os produtores e usinas que moem a cana amargam a disparidade nos últimos quatro anos.


- Quando foi quebrada a paridade do álcool e gasolina, foi decretado o fim do etanol. Até acharam que poderia ser resolvido, mas, hoje, já não estamos mais numa crise, estamos num desmonte do álcool no Brasil - enfatiza Biagi.


Na safra de 2013/2014, a situação se agravou e o setor enfrentou a falta de chuvas nas principais regiões produtoras, o que fez com que a produção da cana fosse prejudicada, reduzindo a oferta de produto no mercado e aumentando o prejuízo dos produtores. Para o diretor de agronegócio Itaú BBA, Alexandre Enrico Figliolino, falta atitude do governo para tentar salvar o setor de cenários ainda piores nos próximos anos, que podem ser agravados, caso aconteçam novas estiagens.


Com a crise, a dependência das empresas, sobretudo ao governo aumentou o que também prejudicou a autonomia dos grupos. Segundo o diretor de da KPMG, Martiniano Cunha Lopes, existe falta infraestrutura nas usinas, onde não se tem planejamento ou sucessão.


Segundo Biagi, o fechamento das empresas vai provocar a extinção de cerca de 30 mil postos de trabalho no país.


- Se medirmos o efeito do fechamento das usinas, dos desempregos, da quebra de atividade, da importação de produtos que não serão mais feitos aqui, o impacto é de bilhões e bilhões - salienta Biagi.


As esperanças do setor agora estão depositadas na Frente Parlamentar do Setor Sucroenergético, que luta para tentar recuperar as atenções para a crise das indústrias e impacto social que já soma mais de 150 mil empregos a menos no campo. Para a próxima safra, Lopes diz que o setor deve permanecer no vermelho, mesmo com as tentativas de recuperação, e a quebra em produção por falta de investimentos em itens fundamentais como adubação vão refletir na qualidade do produto.


Fonte: Canal Rural. 13 de março de 2014.



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