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Scot Consultoria

Produção de carne de frango vai encolher no país em 2012


Quinta-feira, 20 de setembro de 2012 - 16h20

A crise enfrentada pela avicultura brasileira devido à escassez de oferta de grãos, à disparada nos preços de milho e soja e à falta de crédito para produtores e indústrias deverá provocar em 2012 a primeira queda da produção do segmento pelo menos desde 2000. Segundo o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, o volume deverá ficar 1 milhão de toneladas abaixo das 13,1 milhões de toneladas de carne de frango produzidas em 2011. As exportações também deverão cair, 10%, na primeira retração desde 2006, acrescentou o dirigente, que fez palestra nesta terça-feira (18/9) na Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul).


Ressaltando que não prega restrições às exportações de milho, Turra disse que o país poderá ter de estabelecer alguma "regulação" sobre os embarques do grão - que compõe dois terços da ração usada na alimentação das aves - para "manter a indústria funcionando e preservar empregos", numa referência às mais de 5,7 mil demissões registradas no segmento nos últimos quatro meses. Segundo ele, a desoneração da folha de pagamentos estendida para o ramo na semana passada "ajuda", mas a "sobrevivência" dos frigoríficos depende de ração e crédito.


Provocada pela quebra da safra americana, a corrida de importadores pelo milho brasileiro deve reduzir os estoques de passagem no país a 4,4 milhões de toneladas no início de 2013, um nível "perigoso" em comparação com as 14,2 milhões de toneladas do começo de 2012, disse Turra. Por conta disto, o Ministério da Agricultura e a Conab já começaram a "monitorar" os embarques de milho e também de soja, explicou.


Segundo o presidente da Ubabef, o sinal vermelho acendeu em agosto, quando as vendas externas de milho cresceram 81,1% sobre o mesmo mês de 2011, para quase 2,8 milhões de toneladas. Depois disso, as exportações já atingiram 1,5 milhão de toneladas nas duas primeiras semanas de setembro e deverão manter uma média mensal de 3,8 milhões no quarto trimestre, prevê o dirigente.


Com a demanda externa aquecida, Turra reforçou o pedido para que o governo amplie os leilões de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) para levar o milho do Centro-Oeste até a região Sul, que foi mais atingida pela estiagem na última safra e onde se concentra a maior parte da indústria avícola brasileira. "Se não houver agilidade o destino deste milho será o porto".


Outra reivindicação do segmento é pela liberação de crédito para capital de giro para pequenas e médias empresas, que enfrentam dificuldades para financiar a aquisição de insumos, além da extensão, para os criadores integrados, da prorrogação dos empréstimos concedidos aos não integrados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Segundo Turra, a exclusão dos produtores vinculados às indústrias, que representam 90% do segmento no país, foi um "equívoco" e deve ser corrigido.


Conforme o presidente da Ubabef, sem apoio oficial o milho que custa R$18 a saca no Centro-Oeste chega ao Sul entre R$32 e R$34, o que representa uma alta de 44% desde o início do ano. No caso do farelo de soja, os preços passaram de R$600 para quase R$1,4 mil a tonelada no período. Segundo ele, pelo menos 18 empresas da área no país estão "em situação de dificuldade", incluindo a paranaense Diplomata, que já pediu recuperação judicial.


Além disto, segundo Turra, com os custos em alta os preços da carne de frango no mercado interno já subiram 25% desde janeiro e deverão ser elevados em mais 10% a 15% até o fim do ano. O mesmo vale para o preço médio dos produtos exportados, que foi de US$1,9 mil a tonelada em agosto, mas deve chegar à faixa dos US$2,2 mil em dezembro, influenciado pela redução da oferta dos Estados Unidos, o maior concorrente do Brasil no mercado externo.


Com isso, apesar da queda projetada de 10% no volume das exportações brasileiras neste ano em comparação com as 3,9 milhões de toneladas de 2011, a retração nas receitas deverá ser de 7% ante os US$8,2 bilhões de 2011. De janeiro a agosto, o volume cresceu 0,94%, para 2,6 milhões de toneladas. Se o recuo das vendas físicas ao exterior se confirmar no acumulado do ano, será a primeira queda desde 2006, quando o surto de gripe aviária reduziu o consumo mundial do produto.


Fonte: Valor Econômico. Por Fernanda Pressinott. 19 de setembro de 2012.



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