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Scot Consultoria

Comércio com a Ásia traz surpresas ao país


Terça-feira, 4 de setembro de 2012 - 08h36

Notícias curiosas chegam da Ásia: as exportações brasileiras tiveram, nos primeiros sete meses do ano, mau desempenho nos principais mercados, China e Japão, mas excelente resultado em países da região, como Índia, Tailândia, Vietnã e Filipinas. O grande salvador da pátria exportadora foi o petróleo, com um aumento nas vendas brasileiras de mais de US$1 bilhão aos asiáticos, mais que o suficiente para cobrir a queda de quase US$300 milhões nas importações asiáticas de minérios de ferro e cobre. Aumentam também exportações de produtos manufaturados a países como a Tailândia, para onde o Brasil duplicou as vendas totais, elevando-as a US$1,2 bilhão.


Os dados mostram que há mercado para o Brasil na Ásia, e não só para as commodities que dominam a pauta. "As empresas brasileiras tradicionalmente pensam na América Latina e Estados Unidos, quando falam em exportação. Abrir-nos para a Ásia é um desafio", comenta a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres.


O interesse asiático, inclusive por produtos não tradicionais, é confirmado por empresários com experiência na região, como Deonisio Petry, da Figwal Transportes Internacionais, especializada em comércio exterior. "Nossos parceiros na China e Índia aumentaram consultas por compras, são pequenas quantidades, mas produtos diversos" confirma. Vinho, para a China, e vagões de aço inoxidável, da Alstom, para a Índia, por exemplo.


Índia e outros países da Ásia compensam Japão e China.


"Existem mercados na Ásia a serem explorados, inclusive em commodities", endossa o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. "Um de nossos maiores problemas ainda é a infraestrutura de exportação."


De fato, levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento para o Valor mostra que o maior aumento nas exportações brasileiras à Ásia se deu nos produtos básicos, como petróleo, soja, algodão e milho: US$2 bilhões, ou 35% a mais que nos primeiros sete meses do ano, em relação ao mesmo período de 2011. As vendas de mercadorias industrializadas aumentaram 12%, o que fez a participação desse tipo de produto no total das exportações baixarem, de 31% entre janeiro e julho de 2011 para 27,5% nos sete primeiros meses deste ano.


Alguns produtos mostram grandes percentuais de crescimento nas exportações aos asiáticos devido à pequena base de comparação em 2011. É o caso das partes e peças automotivas, 767% de aumento, que elevaram as vendas a US$82 milhões neste ano, até julho. Ainda assim, chama a atenção o salto nas vendas de algodão, 275%, e milho, 126%. As vendas de óleo de soja cresceram duas vezes e meia.


Parte do aumento nas compras de soja em grão é atribuída à antecipação nas vendas em 2012. A novidade é a entrada de novos compradores, com a desaceleração na China. A Tailândia, que não comprou nem um grão do Brasil nos primeiros sete meses de 2011, neste ano comprou US$400 milhões, quase 785 milhões de toneladas.


Tatiana Prazeres anunciou nesta segunda-feira (3/9) os resultados do comércio exterior em agosto, que devem confirmar as novas tendências de comércio com os asiáticos. Ela reconhece o desequilíbrio na pauta de exportações à Ásia, 73% da qual em produtos básicos. O governo e empresas privadas tentam aumentar o valor agregado das vendas aos asiáticos e têm a simpatia da China, cujos dirigentes já prometeram à presidente Dilma Rousseff apoiar o esforço exportador brasileiro.


Em novembro, uma missão comercial com empresas de alimentos, chefiada pelo ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, vai à China em busca de compradores para produtos brasileiros. Empresas do setor, como a Marfrig, já tem se associado a empresas chinesas para explorar o promissor mercado de alimentos prontos no país. As vendas de carne de frango à Ásia aumentaram 18,5%, apesar da queda de quase 30% nas importações do produto brasileiro no Japão, que foram parcialmente compensadas por um aumento de 30% nas vendas à China. O setor está otimista, mesmo em relação aos japoneses, que estariam apenas fazendo ajustes de estoques.


No Japão os produtores fazem campanha de marca: há restaurantes em Tóquio onde o cardápio explicita os pratos feitos com "brazilian chicken". O setor espera missões de técnicos sanitários da Indonésia e da Malásia, neste ano, no esforço para derrubar barreiras como se fez na China, durante o governo Lula. "Desde que os chineses abriram o mercado, nossas exportações crescem exponencialmente", comenta Ricardo Santin, da Abef, a associação dos exportadores de frango. "Saltaram de 20 mil toneladas para 80 mil e, neste ano, devemos chegar a 200 mil."


No ano passado, a Índia passou do 20º ao 8º lugar entre os mercados consumidores de produtos brasileiros, principalmente pelo aumento nas compras de petróleo, óleo de soja, açúcar e sucata de ferro e aço. Oito destinos da região (Índia, Tailândia, Hong Kong, Vietnã, Taiwan, Filipinas, Indonésia e Coreia do Sul) passaram de um quinto a um quarto do mercado para exportações do Brasil na Ásia.


Seria um erro fechar os olhos para o potencial asiático como consumidor de manufaturados. Chama atenção, em alguns países, como a Tailândia, o aumento nas compras de semimanufaturados de ferro e aço e outros produtos com crescimento de quase 500%. Empresas manufatureiras, como Gerdau e Eaton, de autopeças, mostram-se galhardamente entre os cinco principais exportadores do Brasil ao país, quebrando a predominância das tradings e grandes multinacionais agrícolas nas listas dos maiores fornecedores do Brasil aos países da região.


Valores baixos, em vendas inferiores a US$1,5 milhão, escondem crescimento impressionante, como a venda de tubos de ferro e de cilindros de laminadores para a Coreia, que aumentaram mais de 500%. Pesquisar os números do comércio para a Ásia é uma fonte de surpresas, olhar com mais ambição para esses mercados pode se mostrar mais surpreendente ainda.


Fonte: Avicultura Industrial. Pela Redação. 3 de setembro de 2012.



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