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Scot Consultoria

Brasil pode ter menor saldo comercial em 10 anos


Terça-feira, 31 de julho de 2012 - 08h57

O saldo comercial brasileiro neste ano deve ser de, no máximo, US$15 bilhões, avalia a área econômica do governo. A estimativa é inferior à projeção do banco central (BC), que estima em US$18 bilhões o saldo da balança comercial do país em 2012. Mesmo acima de projeções mais pessimistas como as da associação de comércio exterior do Brasil (AEB), que prevê um superávit de US$8 bilhões, a revisão da área econômica indica que, pelo sétimo ano seguido, a balança comercial do Brasil terá influência negativa sobre o crescimento do produto interno bruto (PIB).


"Uma parte do estímulo à demanda está vazando para o comércio exterior, e isso vai continuar neste ano", comentou o economista da fundação Getúlio Vargas (FGV), Régis Bonelli. Especialistas da FGV preveem uma leve subida nas exportações neste ano e calculam que, sem surpresas desagradáveis no cenário externo, o saldo comercial poderá ficar acima de US$16 bilhões. Caso se comprove a estimativa da AEB, de queda também nas exportações, porém, em 2012 o PIB terá duas pressões negativas vindas do comércio exterior: a queda nas vendas dos exportadores e o aumento nas importações.


De janeiro até a semana passada, a diferença entre as exportações e as importações acumulou US$8,5 bilhões, resultado 47,6% inferior a igual período do ano passado. Se confirmada a estimativa, o saldo comercial de até US$15 bilhões será o menor desde 2002, quando o resultado chegou a US$13,1 bilhões. A pessimista AEB espera déficits no segundo semestre devido à queda nos preços das commodities metálicas, ao esgotamento do efeito positivo dos embarques de soja, antecipados neste ano, e ao contínuo aumento nas importações.


Com o baixo crescimento das exportações ou até uma possível queda, em relação aos US$256 bilhões exportados em 2011, as vendas externas têm se tornado cada vez menos capazes de compensar o efeito negativo das importações sobre o desempenho do PIB. Nos cálculos do crescimento do PIB, as exportações contribuem para aumentar o índice, enquanto as importações, que significam demanda atendida por produção estrangeira, são descontadas, e, portanto, provocam redução no índice. Desde 2006, a pressão dos importados têm reprimido a elevação do PIB.


"O resultado do PIB poderia ser melhor se não fosse a contribuição negativa do setor externo nesses últimos anos", diz Cláudia Dionísio, economista da coordenação de contas nacionais do instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do PIB.


Os dados do IBGE diferem de outras estatísticas oficiais por registrar variação de volumes, e não preços de mercadorias, e incluir estimativas das importações informais - o contrabando. Segundo o IBGE, o crescimento de 11,5% nas exportações em 2010 foi mais que anulado pelo das importações, de 35,8%. Em 2011, a exportação cresceu 4,5% e a importação, 9,7%. No primeiro trimestre de 2012, as variações foram de 6,3% e 6,6%.


Desde 2006, quando as importações cresceram 18,4% e as exportações apenas 5%, segundo os indicadores do IBGE, as compras no exterior têm absorvido e cancelado parte do estímulo positivo no PIB provocado pelo consumo das famílias e pelo investimento. Em 2010, quando a economia avançou 7,5%, o comércio exterior tirou 2,7 pontos percentuais do crescimento, que teria ultrapassado 10% sem essa influência. Em 2011, a contribuição negativa do setor externo ao PIB foi de 0,7 ponto percentual. A economia cresceu 2,7%.


Os indicadores do IBGE mostram que a valorização do real em relação ao dólar teve influência nesse fenômeno, o que explica também, em parte, a redução da diferença entre o crescimento das importações e exportações. O dólar, em 2010, teve cotação média de R$1,69; neste ano chegou a R$1,96, em média. Essa mudança na taxa de câmbio começou em abril, e, desde então, o governo tem trabalhado com um dólar que oscila em torno de R$2,00.


Os economistas do governo federal avaliam que as exportações vão se acelerar no segundo semestre, mas não no ritmo inicialmente esperado - a melhora no saldo comercial virá em 2013, prevê o governo. A "consolidação" da taxa de câmbio mais desvalorizada em relação ao dólar deve surtir efeito sobre as exportações apenas no último trimestre deste ano, atingindo "efeito pleno" somente no ano que vem - quando o saldo comercial deve voltar a superar o patamar de US$20 bilhões.


Fonte: Suinocultura Industrial. Pela Redação. 30 de julho de 2012.



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