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Seca no Paraguai é a pior desde que cheguei, diz agricultor brasileiro


Quinta-feira, 29 de março de 2012 - 09h44

Esta é a pior seca desde que eu cheguei ao Paraguai, em 25 anos. Do que eu plantei de milho, 40% está perdido, morreu quase metade. A declaração, do agricultor brasileiro Roberto Magagnim, de 42 anos, reflete a situação vivida por grande parte produtores em solo paraguaio nesta safra, resultado da falta de chuva na região. As perdas na colheita previstas por cooperativas de agricultores no Paraguai variam de aproximadamente 50% no Noroeste a 60% no Sudoeste, localidade mais prejudicada. “É a pior seca de todos os tempos. Pelo menos que eu me lembre”, estimou Eduardo Dietze, gerente da área de produção e abastecimento da cooperativa Colonias Unidas, a maior do Paraguai, que recebe material de aproximadamente 3,7 mil produtores da região da cidade de Obligado, no Sudeste do país. “Neste ano, o calor foi muito intenso, de aproximadamente 38°, 40°. A seca começou em dezembro e segue até hoje, com apenas uma chuva”, disse Dietze. Na região do Noroeste do país, a cooperativa Lar registrou apenas quatro chuvas entre novembro e fevereiro. “No nosso cliente, as perdas são de cerca de 55%”, afirmou o gerente geral Ovídio Zanquet. De acordo com ele, dos cerca de 700 produtores que fornecem para a cooperativa, 95% são “brasiguaios” – agricultores brasileiros em solo paraguaio. Dados da Câmara Paraguaia de Exportadores e Comercializadores de Cereais e Oleaginosas (Capeco) apontam que, na safra de 2011, a estimativa é de produção de 8,372 milhões de toneladas de soja, o que deve cair pela metade pelo tempo seco, de acordo com Zanquet. A área de plantio no país é de 2,870 milhões de hectares. Na cooperativa Colonias Unidas, a previsão é de colheita de 125 mil toneladas de soja nesta safra (2011/2012), sobre um resultado de 360 mil na safra anterior (2010/2011). Por conta das perdas, ele explicou que muitos agricultores terão que refinanciar as dívidas. A própria cooperativa estima que serão necessários US$15 milhões para o refinanciamento dos agricultores prejudicados - o faturamento da cooperativa em 2011 foi de US$ 500 milhões. Magagnim, que tem plantações em San Alberto, na província de Alto Paraná, no Noroeste do país, adiantou que será um dos que precisarão de serviços financeiros. “O jeito é financiar tudo, jogar para o ano que vem”, disse. Nas terras dos irmãos brasileiros Adir e Adalto Lui, de 44 e 36 anos, respectivamente, na cidade paraguaia de Santa Rita, a seca tem feito ambos se preocuparem com as sementes para a próxima safra. “Se a nossa lavoura não conseguir semente para a próxima safra, vamos ter que importar”, disse Adir, apontando para uma muda de soja que não cresceu o quanto deveria. “Já passamos quatro vezes produto químico. Temos que insistir para ela crescer”. Na plantação de milho, Adalto explicou que a falta de chuva tem feito proliferar o crescimento de lagartas, o que prejudica a produção. “Com a seca, a espiga demora mais para crescer e dá mais tempo para a lagarta proliferar”, explicou. “Passamos quatro, cinco vezes produto no milho também”, revelou Adir. Para o agricultor paraguaio Ewald Loblein, de 46 anos, que é descendente de brasileiros, uma das saídas para a seca é diversificar as culturas. Em 600 hectares de terra em Obligado, ele planta soja, girassol, milho, sorgo, trigo, aveia, azevém, erva mate e ainda tem 360 cabeças de gado. “O produtor hoje tem que estar preparado para qualquer adversidade do clima. A saída é a produção diversificada”, afirmou. Com a soja, por exemplo, Loblein disse que teve problema de germinação por causa da seca e sofreu 60% de prejuízo na colheita. Para Zanquet, contudo, um dos motivos que alivia um pouco o cenário deste ano é a boa capitalização dos produtores devido a boas safras nos dois anos anteriores. “Foram duas safras cheias”, salienta. Fonte: G1. Por Gabriela Gasparim. 28 de março de 2012.
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