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Um Código Florestal realista começa a se impor


Segunda-feira, 30 de maio de 2011 - 09h11

A agricultura nacional está aliviada. A votação do novo Código Florestal livrou os produtores de um pesadelo. Foi uma surra política - 410 votos a 63 - naqueles que teimam em criminalizar a produção rural. Um Código Florestal realista começa a se impor. Quem ocupou áreas hoje consideradas de preservação permanente terão a atividade regularizada. Mitigações e compensações ambientais consolidarão tais territórios. Pode-se prever uma correria de proprietários para pôr ordem em sua relação com o ambiente. Ações afirmativas sobrepujarão penalidades. O novo texto assegura aos agricultores a prevalência da lei na época em que ocorreu a ocupação produtiva do imóvel. O direito adquirido não valia na agricultura. Nas regiões de agricultura antiga, aos nossos avós se atribuía um passivo ambiental que, se existisse, deveria ser pago por toda a sociedade. Na Amazônia, pecuaristas abriram terras resguardando 50% do território coberto com floresta. Era o que mandava o Código Florestal. Mas, em 1996, a reserva legal subiu para 80% e o Ibama passou a obrigar a recuperação de mais 30% da área. Um absurdo. Outro ponto refere-se à necessidade da averbação, no cartório, das áreas preservadas. Tal exigência onera o agricultor e enriquece o cartório, sem ganho ambiental. Por idealismo ou ideologia, alguns detestaram a votação do Código. Respeitável. Mas há aqueles que agridem a democracia ao não reconhecer o valor do Congresso. Defendem centralizar tudo em Brasília, desprezando a Federação. Certo ranço autoritário macula o ambientalismo fanático. Sou agrônomo e ambientalista. Asseguro que é possível conciliar a produção rural com a preservação. Estou convencido de que o texto aprovado na Câmara expressa uma agenda positiva. Regulariza a produção sem estimular desmatamentos. Estes dependerão, como sempre, da fiscalização estatal. A novela não acabou. Seu palco agora será o Senado. Um ponto me preocupa: a eventual anistia para quem cometeu crime. Bandidos ambientais devem ser penalizados. Mas eles não se confundem com a massa dos agricultores, como os picaretas não são maioria no movimento ecológico. Se ambos os lados compreendessem isso, haveria espaço para resgatar o respeito mútuo perdido nessa discussão. Fonte: O Estado de São Paulo. Por Xico Graziano. 29 de maio de 2011.
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