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Scot Consultoria

Respirando sustentabilidade


Quinta-feira, 17 de março de 2011 - 09h12

A busca da sustentabilidade tem impacto muito maior do que simplesmente a preservação do meio ambiente. A solidez econômica e a justiça social são ganhos tangíveis desse processo, que atuam diretamente na qualidade de vida das pessoas. Transcendendo o discurso do exercício do bem e da importância para o planeta - adotado em geral por toda sorte de instituições, tenham elas um trabalho efetivo nesse sentido ou não - podemos pensar no consagrado triple bottom line como uma forma de buscar, em análise final, o benefício do indivíduo. Afirmar isso em tempos de exacerbação dos esforços coletivos na preservação do meio ambiente parece contraditório, mas talvez seja uma boa estratégia de alistamento de pessoas indiferentes às causas da sustentabilidade por mostrar, "por a mais b", o impacto nas suas vidas aqui e agora. Menciono um caso recente: você se lembra que São Paulo sofreu muito com o ar seco no segundo semestre do ano passado, o que potencializou a poluição do ar e causou praticamente uma epidemia de diversos tipos de doenças respiratórias. Bem, sob a égide da tríade sustentável, podemos concluir que, "um", o fenômeno climático causado pelo homem prejudicou o, "dois", desempenho econômico da cidade e comprometeu ainda mais o, "três", sistema de saúde pública. A poluição atmosférica está entre as maiores causas de morte em todo o mundo, superando, por exemplo, os acidentes com automóveis - isso revela o enorme impacto na saúde pública do mundo, especialmente nas metrópoles. Segundo dados do Núcleo de Estudos para o Meio Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), somente em nossa cidade, a poluição do ar mata indiretamente oito pessoas por dia, além de diminuir em dois anos a expectativa de vida dos seus habitantes. Utilizar bem sistemas de inovação nos permite conclusões que a princípio parecem óbvias. Por meio de uma parceria institucional, está em curso o cruzamento de informações geradas por duas pesquisas. Uma delas, da USP, apresenta o mapa da poluição de São Paulo; a segunda, desenvolvida pelo Hospital Israelita Albert Einstein, inicialmente para o governo, desenha o mapa da saúde da cidade, relacionando regiões e tipos de enfermidades. Antes mesmo da conclusão desse projeto, foi constatado algo nada óbvio: o principal problema causado pela falta de qualidade do ar foi cardíaco, não somente respiratório. Quando se pensa saúde, automaticamente nos vêm à cabeça o ambiente hospitalar, a medicação, a internação e afins. Ora, a saúde não envolve somente o tratamento do paciente; engloba também prevenção, que vai muito além do evitar doenças. Prevenir doenças é combater a degradação do meio ambiente, prover recursos econômicos para melhora da qualidade de vida e garantir à população o direito de preservar seu próprio bem-estar. Quanto custa a sociedade despoluir um rio? Não só em dinheiro, mas em qualidade de vida, as enchentes, a exposição a doenças e agentes químicos. Certamente teria custado bem menos aproveitar do rio de maneira sustentável. Em suma, saúde também é sustentabilidade e vice-e-versa. E isso vale para outros setores, o que nos mostra que devemos internalizar as premissas sustentáveis e jamais dissociá-las dos negócios, da pesquisa e da própria inovação, que, hoje em dia só tem valor se estiver devidamente vinculada à sustentabilidade. Fonte: Brasil Econômico. Por Luis Vicente Rizzo. 16 de março de 2011.
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