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Scot Consultoria

Uma questão de valores


Sexta-feira, 17 de março de 2006 - 18h05

  • Há dois meses fizeram uma oferta de R$2 mil/cabeça pelos meus melhores touros. Na época, era o preço médio vigente em São Paulo.
  • Eu cheguei a tentar negociar por R$2,5 mil, preço máximo da época. Mas quando o telefone tocou de novo, nem por R$2 mil o comprador queria mais...
  • - Ah, Dona, sabe como é... o preço do boi gordo não melhora, e eu não consigo te pagar mais que R$1,8 mil.
  • Depois de muito pensar, resolvi não vender. Pois se fizesse isso, ainda mais considerando que Andradina é uma cidade muito pequena, eu provavelmente não conseguiria vender o resto da boiada - considerada inferior em comparação às “cabeceiras” - nem pelo preço mínimo que, na época, era R$1,8 mil.
  • Foi uma decisão difícil. Mas como os animais são ainda jovens, eu resolvi esperar por melhores preços para a próxima estação de monta. É um risco. Pode não ter sido a melhor estratégia, mas foi baseada nos valores que regem a minha atividade.
  • A minha sorte é que eu ainda posso esperar. Mas quem não tem essa alternativa? Alguns criadores comentaram que, quando os tourinhos não conseguem alcançar os preços mínimos, algo entre R$1,6 mil e R$1,8 mil, preferem vendê-los como gado comercial, ou seja, para produção de carne, mesmo que outros produtores ofertem um pouco mais que os frigoríficos.
  • E é essa atitude que tem gerado muita discussão entre os criadores de gado elite.
    PREÇOS
  • Na primeira quinzena de março, as cotações em leilões registraram média de R$2,3 mil por tourinho, mínimo de R$1,6 mil e máximo de R$2,8 mil. Mas, dentro da porteira a história é diferente.
  • O valor base de negociação no curral costumava ser de 40 arrobas de boi gordo. Com a arroba cotada em R$51,00 (SP), um tourinho sairia por R$2 mil. Porém, os criadores relataram ofertas de compra a R$1,5 mil, sendo que, com muito esforço, conseguiam vender por R$1,8 mil.
  • Teve quem vendeu. Mas teve quem recusou, e enviou os animais para abate. Considerando o peso médio de 22 arrobas, o tourinho vale, no frigorífico, R$1,1 mil.
  • Se a oferta mínima dos produtores cobre o preço do frigorífico, por que enviar os animais para abate? As justificativas bateram com a minha. “Uma questão de valores”.
    O EFEITO PRÁTICO DOS VALORES
  • Tudo bem, a pecuária está numa péssima fase, mas tourinhos por R$1,5 mil? Apenas R$400,00 a mais do que o frigorífico paga? Onde vão parar os anos de seleção e aplicação de tecnologia, que tanto falam ser fundamental para a produção de um animal melhorador, que leve a um melhor rendimento de carcaça, livre de doenças?
  • - É, mas naquela fazenda venderam tourinhos filhos de touro “X” em vaca “Y” por bem menos de 40 arrobas. Então...
  • - Então que se eu vender por bem menos que isso, estarei colocando em jogo os valores da minha marca.
  • Para Maurício Palma Nogueira, coordenador da divisão de gestão empresarial da Scot Consultoria, os valores de uma empresa norteiam as decisões mais acertadas, mais corretas.
  • Em outras palavras, o “norte” da empresa é guiado pela definição dos valores, da missão, dos objetivos e das metas.
  • Sob esse aspecto, no caso da venda de tourinhos, quem tem a produção fundamentada em bons valores inspira respeito e confiança por parte de fornecedores e clientes. Nesse caso, realmente pode ser melhor fazer um “mal negócio” hoje (no caso, vender para o frigorífico), para colher bons frutos amanhã.
  • - É... aquele criador não aceitou vender por R$1,5 mil. Chamou o corretor e vendeu tudo para o corte. Esse é corajoso...
    PENSANDO BEM...
  • Como disse, talvez eu não tenha tomado a melhor decisão. Outros criadores, que optaram por vender para o frigorífico, também podem não ter tomado a melhor decisão.
  • Essa estratégia é arriscada, mas pode ser que me proporcione melhores resultados à frente.
  • Pelo menos os meus valores, como os valores dos criadores que também recusam preços tão mirrados, podem se tornar a vitrine de nossas propriedades.
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