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Scot Consultoria

Boi gordo: qual é o ponto de equilíbrio?


Sexta-feira, 25 de agosto de 2023 - 16h00


O movimento de queda de, praticamente, R$40,00/@ em 40 dias, ocorreu em plena entressafra com um dólar ao redor de R$4,90. Além disso, pelo lado dos fundamentos externos, diferente de outras situações com quedas menores nos períodos anteriores, não houve embargo, pandemia ou problema sanitário no Brasil.


A pergunta mais frequente em entrevistas, reuniões com clientes e nas conversas de mercado é: já chegou o fundo do poço? Como a pecuária não é uma ciência exata, acredito que a pergunta mais adequada a ser feita é: esse é o ponto de equilíbrio do setor no qual pecuaristas e frigoríficos mantém a atividade?


Pelo lado do pecuarista, a resposta é não. Boa parte não conseguiu fazer proteções adequadas, uma vez que o mercado futuro esteve em queda praticamente contínua desde 28/6/23. Ao que tudo indica, esse movimento do início de agosto, de alongamento das escalas de abate, pode ter sido um “stop de boi no físico”. Ou seja, aquele produtor que já amargava algum prejuízo, aceitou entregar os animais para “estancar a sangria”. Diante disto, a reposição de animal no cocho (ou falta dela) é um grande sinal amarelo para os próximos meses.


Por outro lado, o da indústria, a resposta é sim. O resultado das margens olhando para a carne no mercado interno, carne no mercado externo e o atual preço da arroba do boi é historicalmente alto, independente da métrica de comparação ou do período.


Com base nisto, em primeiro lugar, olhamos para o diferencial entre o boi gordo e a carne com osso no atacado, nas máximas desde 2020 em São Paulo (figura 1).


Figura 1.
Diferencial boi x carcaça desde 2020 em São Paulo.Fonte: Radar Investimentos / Broadcast


Depois dessa breve comparação, um leitor ou outro pode pensar: “ok, mas essa é uma comparação rasa, pois a indústria não vende só carne bovina”. O raciocínio está correto, por isso tomei a liberdade de usar os dados da Scot Consultoria, que estima a margem de comercialização do frigorífico com a carne desossada + couro + sebo + miúdos + derivados + subprodutos.


Este indicador mostra uma margem de comercialização de 36,7%. Essa margem, de quase 40,0% não é comum e parece ser mais uma distorção.


Em terceiro lugar, mas não menos importante, a arroba brasileira em dólares, no atual patamar, é relativamente atrativa. Olhando somente para o Paraguai e Uruguai, o desconto em relação aos nossos vizinhos é de respectivamente, 16,7% e 19,1%. Veja na tabela 1.


Tabela 1.
Preço da arroba do boi gordo no mundo, em dólar.Fonte: Scot Consultoria / Radar Investimentos


Durante esta semana, notou-se um mercado físico mais travado, com negócios pontuais e baixo volume em São Paulo. A explicação de parte deste comportamento pode ser explicada com os dados acima.


As engrenagens entre o pecuarista e a indústria estão distantes de se encostarem. O primeiro está com a margem na lona, enquanto o segundo está com a margem na lua.



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