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Scot Consultoria

Boi gordo: uma andorinha sozinha não faz verão


Sexta-feira, 14 de julho de 2023 - 11h00


O mercado físico do boi gordo já vive uma entressafra, no qual a queda de braço entre pecuarista e a indústria frigorífica já fica mais evidente.


Pelo lado da oferta, a pressão da saída de boiadas de pasto já ficou para trás, ao passo que a boiada de cocho, para julho e agosto, está relativamente contida, saindo quase a conta gotas. Uma andorinha voando sozinha não faz verão e por isso as programações de abate têm evoluído de maneira lenta nos últimos dias.


Pelo lado da demanda, no Brasil, a inflação mais ancorada deve contribuir para o aumento da renda disponível da população no segundo semestre de 2023, impulsionando o consumo doméstico. A exportação de carne bovina in natura, em jun/23, surpreendeu positivamente em volume, com aumentos de 14,4% e 26,4% nas comparações mensal e anual, respectivamente, mas ainda com uma receita moderada em função da variação cambial. Veja na tabela 1.


Tabela 1.
Exportação de carne bovina in natura do Brasil.

Fonte: MDIC / Radar Investimentos


Ao olhar especificamente, no curtíssimo prazo, para os dados prematuros da exportação de jul/23, os embarques começaram lentos. No entanto, não seria justo olhar apenas para cinco dias e seria melhor contextualizar.


Ao olhar de maneira mais ampla, os sinais são mais construtivos para os embarques. De acordo com dados do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), no Paraná, a movimentação de contêineres de carne bovina congelada, de janeiro a maio de 2023, foi de 6.915 kg, um crescimento de 52% comparado com o mesmo período de 2022.


A China desempenha um papel fundamental nesse crescimento, sendo responsável por impulsionar as exportações brasileiras do produto. No primeiro semestre deste ano, aproximadamente 59,8% dos embarques brasileiros do produto foram direcionados ao país asiático, de acordo com dados da Scot Consultoria.


Em resumo, é possível que, em 2023, haja um “encontro” de alívio por parte da demanda interna, combinada com uma demanda tipicamente mais forte do nosso principal importador de carne bovina entre outubro, novembro e dezembro. Neste caso não seria uma andorinha, mas sim um bando voando na mesma direção.


No mercado interno, essa queda de braço já tem implicado em menos bovinos ofertados e dificuldade de negociação abaixo de R$250,00/@, à vista, na praça pecuária paulista. Há tentativas de R$245,00/@, nas mesmas condições, mas o volume negociado trava de maneira relevante.


Diante destas condições, para aquele pecuarista que ainda não conseguiu fazer suas proteções de preço, vale a pena monitorar os fundamentos da saída de bovinos de confinamento nas próximas semanas e o apetite chinês pelo produto nos próximos meses. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.


Tabela 2.
Mercado futuro do boi gordo na B3 - R$/@, à vista.

Fonte: Cepea/Esalq - B3



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