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Scot Consultoria

A cana não vai prejudicar outras culturas


Quinta-feira, 12 de julho de 2007 - 18h29

Principais trechos da entrevista feita pelo jornal O Estado de São Paulo: Fala-se muito que o Brasil poderia ser centro de uma Opep do etanol. O senhor concorda? Essa hipótese não existe. O petróleo, além de finito, é restrito a poucos países, a maioria vivendo permanentes conflitos, que tentam formar um cartel de venda. O etanol é renovável e pode, por isso, ser produzido em centenas de países. Além disso, não há possibilidade de "Opep" numa situação em que todos os combustíveis renováveis respondem, juntos, por menos de 1% da produção dos fósseis. O Brasil tem muito a ganhar com o etanol? Teria, não fosse a visão equivocada de autoprodução que predomina no mundo. Os lobbies agrícolas têm forçado os seus governos a adotarem soluções nacionais de alto custo, a exemplo dos subsídios para a produção de etanol de milho nos EUA e de etanol de trigo e beterraba na União Européia (UE). Ocorre que os biocombustíveis deveriam ser tratados em escala mundial, como parte da solução global para os problemas de aumento dos gases de efeito estufa e mudança climática. Claramente as melhores opções se encontram na região tropical do planeta: cana-de-açúcar, no caso do etanol, e palma, no caso do biodiesel. Aliás, foi essa a tônica que o presidente Lula imprimiu no lançamento da parceria estratégica UE-Brasil, semana passada em Bruxelas: os biocombustíveis representam uma oportunidade extraordinária para dezenas de países da América do Sul, África e Ásia, mas é fundamental que os países ricos abram seus mercados para eles. A cana vai invadir as terras brasileiras, gerando falta de outras culturas vitais? Comunicação deve ser uma das prioridades do setor. É errado temer a monocultura de cana. Dados censitários mostram justamente o contrário: uma diversificação do uso da terra graças ao incremento tecnológico nos últimos 60 anos. Como também é falso o dilema alimentos versus energia. Como assim? Vamos lá: o Brasil poderia suprir toda a demanda de etanol dos EUA, de 136 bilhões de litros, e da UE, mais 14 bilhões de litros, em 2020, com apenas 22 milhões de hectares de cana. O que isto representa? Somente 6,5% da nossa área agrícola ou 11% da área disponível em pastagens. Se as plantas de etanol mais eficientes, que são as nossas, tivessem espaço no mercado mundial, a discussão não seria esta, e sim a de "alimentos mais combustíveis". Isso sem falar do enorme potencial da bioeletricidade de origem vegetal.
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