Maior produtividade para a soja
Quinta-feira, 7 de dezembro de 2006 - 19h43
A Folha de São Paulo divulgou uma informação que fascina e que preocupa o setor agrícola brasileiro.
Segundo o jornal, em dez anos a Monsanto pretende disponibilizar no mercado uma nova variedade de soja. A planta será tolerante a insetos, à ferrugem asiática e ao estresse hídrico. Essa maravilha tecnológica deve possibilitar um aumento de produtividade em 20% a partir da produtividade atual.
Hoje, a produtividade média da soja no Brasil, de acordo com os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 2,648 toneladas por hectare, oscilando desde 1,99 toneladas no Rio Grande do Sul a 2,92 toneladas no Mato Grosso, onde está a produção mais bem desenvolvida tecnologicamente.
O aumento de 20% na produtividade significaria que, no Mato Grosso, seriam produzidas, em média por hectare, 3,18 toneladas e, no Rio Grande do Sul, 2,38 toneladas. Considerando a produção brasileira, um aumento da produtividade nessa magnitude permitiria a colheita de 65,66 milhões de toneladas de soja daqui a dez anos, ou quase 11 milhões de toneladas a mais que a estimativa para a safra 2006/07.
Seriam 11 milhões de toneladas a mais para serem transportadas até a indústria esmagadora, até os portos para exportação ou até o consumidor final.
Hoje, a maior parte da produção é escoada através de rodovias (cuja participação está estimada em cerca de 60% de todos os modais de transporte). Em função das distâncias brasileiras e especialmente pela produção de soja estar concentrada longe dos centros consumidores, o transporte rodoviário não é a melhor opção. E mesmo que fosse, não teria condições de suprir a necessidade de transporte de cargas.
Somente 20% das rodovias brasileiras estão em boas condições, 75% estão em condições regulares ou ruins e o restante está em péssimo estado. Além dos gargalos das rodovias, existem os problemas de estrutura dos portos e falta de ferrovias, entre outros.
Os investimentos em infra-estrutura no Brasil não podem ser mais postergados. E frente à possibilidade de aumento dessa magnitude na produção de soja - o setor que mais trouxe riqueza para o Brasil em termos de exportação no último ano - o investimento deveria ser obrigatório.
A soja é somente um exemplo das possibilidades que deverão surgir com o incremento das pesquisas em biotecnologia. Mas não adianta investir em pesquisa e melhorar a produtividade se o Estado brasileiro não está amadurecido o suficiente para acompanhar esse desenvolvimento.
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