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Beijos e tapas!


Segunda-feira, 8 de maio de 2006 - 13h06

Reportagem da Revista Veja desta semana expõe o mal momento pelo qual passa a agropecuária brasileira em 2006. É positivo para o setor quando a grande mídia aborda sobre o assunto, pois há penetração entre os formadores de opinião, leigos sobre a questão da agropecuária. A reportagem aponta sobre vários problemas atuais do setor, como as pragas, as doenças, o aumento de custos e a queda nos preços, especialmente, por conta do câmbio. Quantifica o tamanho do rombo com cerca de R$30 bilhões de prejuízos em 2006, dívidas dos produtores aumentando para mais de R$50 bilhões e o desaparecimento de mais de 100 mil empregos que foram gerados no campo, nos últimos anos. A reportagem também associa o problema da agricultura com as questões macro-econômicas e infra-estruturais, o que é positivo para fazer chegar informações ao grande público. No entanto, a reportagem exagera ao tecer algumas críticas ao produtor como um dos culpados pela própria crise. Especialmente quando diz que falta visão no campo. É fato que ainda falta planejamento de longo prazo e técnicas modernas de comercialização entre os agropecuaristas, mas a falta de visão do empresariado rural não é tão crônica, quanto apontada pela revista. Nem se pode dizer que há tanta falta de visão. Com relação à crítica ao descuido, da compra de gado paraguaio, tudo bem. Trata-se de uma atitude equivocada, realizada por uma minoria de produtores rurais, que acabaram por comprometer o resultado de toda pecuária. A maioria dos pecuaristas investe em tecnologia e tem seguido a cartilha do manejo sanitário. Neste ponto, o Brasil tem avançado. Na agricultura, especialmente na produção de soja, não se pode criticar um produtor por investir. É certo que, no mercado de commodities, recomenda-se cautela ao investir em culturas cujos resultados estão favoráveis, como foi o caso da soja até 2003. No entanto, vale lembrar que grande parte dos maus resultados se deve à política macro-econômica do Governo, e não aos erros no dimensionamento do investimento. Quem esperaria que, num momento internacional tão favorável, se penalizasse tanto os brasileiros por investir na produção? Embora muito adequada à linha de raciocínio da reportagem da Revista Veja, parte das críticas à atuação dos produtores foi muito severa. É fato que há muito o que melhorar em termos administrativos, mas os agropecuaristas já amadureceram demais em suas reivindicações e na forma como encaram o livre comércio. Hoje, já se sugere que o agronegócio seja visto como um todo, como uma pasta multidisciplinar que envolve meio ambiente, questões sociais, agricultura, pecuária, indústria, comércio, questões legislativas e tributárias, relações exteriores e infra-estrutura. Definitivamente, não se pode dizer que o agropecuarista brasileiro, de hoje, quer “privatizar os ganhos e socializar os prejuízos”. Atualmente é justamente o contrário. Os ganhos dos agropecuaristas se transformam em investimentos, o que socializa os benefícios pela geração de empregos. Os prejuízos são privatizados, pois só o produtor paga a conta ou fica endividado e ainda com má fama. E pior, os maus resultados nem são frutos de sua incompetência, mas sim da incapacidade do país em preparar o terreno para um setor que cresce de vento em popa. (MPN)
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