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Scot Consultoria

Dólar será a grande barreira à valorização da arroba este ano


Quarta-feira, 3 de maio de 2006 - 12h58

O boi está no fundo do poço. Ao menos desde 1970, quando teve início a série histórica de preços da Scot Consultoria, o produtor nunca foi tão mal remunerado. Isso considerando valores corrigidos pelo IGP-DI. No entanto, as expectativas para o segundo semestre são melhores. Em função da Copa do Mundo e do aumento dos gastos do governo, a economia doméstica tende a se aquecer, promovendo um aumento no consumo de proteínas, inclusive de carne bovina. Do ponto de vista externo, o bom ritmo de crescimento da economia mundial, aliado à queda de consumo de carne de frango, graças ao temores relacionados à gripe aviária, deve abrir mais espaço para a carne bovina. E vale lembrar que o Brasil é o maior exportador do planeta. Além do mais, por ser entressafra, espera-se por um ajuste natural do volume de ofertas, que pode se intensificar graças à redução de investimentos e ao descarte elevado de matrizes que vêm sendo observados nos últimos anos. Diante desse cenário, a principal barreira à valorização da arroba deve ser o dólar. Como acontece com qualquer commodity, se o câmbio cai, as cotações internas do boi gordo também tendem a cair. Ontem o dólar comercial fechou a R$2,059. Menor cotação desde 9 de março de 2001. Por conta disso tem-se hoje, em São Paulo, o pior preço, em reais, já registrado para o boi gordo em um mês de maio, ao menos desde 1970: R$51,00/@. Porém, em dólares, desde 1995 não era registrado tal patamar (US$24,77/@) num mês de maio. Veja que, um boi de R$70,00/@, com câmbio de R$2,059 por US$1,00, equivale a US$34,00/@! Muita coisa. É verdade que, em função de especulações típicas de anos eleitorais, o dólar talvez reaja um pouco até o final do ano. Mas suponha que chegue, por exemplo, a R$2,20. Ainda assim, um boi de R$70,00/@ equivaleria a US$31,80/@. Seria a maior cotação desde dezembro de 1994. Se chegasse a R$80,00/@, como apregoam alguns, ter-se-ia um boi próximo de US$36,40/@. Seria, essa última, a cotação mais alta, em dólares, desde novembro de 1994. Vale lembrar que, naquele período, o Brasil exportava muito pouco, mas hoje cerca de 22% da produção nacional de carne bovina é negociada no mercado internacional. E uma arroba nesse patamar derrubaria a competitividade da carne brasileira lá fora. Em síntese, o boi deve subir no segundo semestre, mas o dólar baixo tende a limitar a alta. Mas até onde a cotação da arroba pode chegar? Ninguém sabe. De seguro mesmo, para o futuro, somente os valores apregoados pela BM&F, que estão disponíveis para hedge. (FTR)
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