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Frigoríficos dão férias na Argentina


Quarta-feira, 19 de abril de 2006 - 12h58

Apesar do acordo para congelar o preço da carne bovina, as cotações do produto na Argentina não tiveram reduções significativas, e o governo daquele país está endurecendo sua postura junto a frigoríficos e pecuaristas. As exportações estão totalmente paralisadas, o que já impacta a atividade dos abatedouros, que estão dando férias coletivas para boa parte dos funcionários. Segundo uma fonte ouvida pelo Valor, mesmo as operações que estavam livres do veto às exportações não estão sendo realizadas - os embarques de cortes nobres da cota Hilton à União Européia e as vendas acertadas e liquidadas antes da proibição, em 9 de março passada. O endurecimento da postura oficial ocorreu durante o fim de semana. No sábado, cerca de 100 contêineres com carne congelada que seriam enviados para a Europa foram retirados de um navio prestes a zarpar por ordem da Alfândega argentina. A notícia foi publicada ontem pela imprensa local e confirmada por fontes do setor. O objetivo da operação seria checar se a documentação da carga estava em ordem. Os embarques que seriam efetuados nos dias posteriores também não ocorreram. Um dos afetados pela proibição foi o frigorífico Swift, o maior exportador de carne local, que no ano passado foi adquirido pelo brasileiro Friboi. A empresa informou que deu férias coletivas para 735 de seus 2,5 mil funcionários por causa das restrições às exportações impostas pelo governo argentino. Segundo Carlos Oliva Funes, principal executivo da Swift e presidente do Consórcio de Exportadores de Carne, o total de trabalhadores do setor em férias coletivas ou licença chega a 5 mil. "A situação não se normalizou. As fábricas estão praticamente paradas. E ainda não sabemos como vamos lidar com as exportações", disse Funes em entrevista a uma rádio local. Apesar dos problemas, ele afirmou esperar que a situação possa se normalizar até a próxima semana. O governo condiciona a retomada parcial das exportações à queda no preço aos consumidores. Segundo estimativas oficiais, desde o anúncio do congelamento os preços caíram nos supermercados, mas não houve baixa nos açougues. Também há gestões oficiais para ampliar o alcance do acordo de preços, firmado no início deste mês, a mais cortes de carne bovina. O preço da carne tem grande impacto político na Argentina, porque o produto é consumido por toda a população. A questão ganhou importância porque a carne bovina tem grande peso no índice de inflação - que em 2005 chegou a 12,3% e acumula neste primeiro trimestre alta de 2,9%. Outro fator que poderia explicar os ataques do governo aos pecuaristas é a imagem que o setor tem junto à opinião pública. Os produtores são considerados a parcela mais tradicional da elite do país, e uma pesquisa divulgada há duas semanas pelo jornal "La Nación" concluiu que para 60% da população a carne ainda é o principal produto de exportação do país, uma visão errônea. Atualmente a soja é o principal produto exportado pelo país. Fonte: Braga, Paulo. Frigoríficos dão férias na Argentina. Jornal Valor Econômico. São Paulo, 19 de abril de 2006.
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