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Scot Consultoria

O fundo do poço é mais embaixo


Terça-feira, 28 de março de 2006 - 12h46

Com base numa série histórica de números próprios e do IEA, a Scot Consultoria acompanha a evolução dos preços pagos pela arroba do boi gordo, em São Paulo, desde janeiro de 1970. Ao longo desse período, em reais corrigidos pelo IGP-DI, a pior cotação média havia sido registrada em janeiro deste ano: R$50,60/@, em valores nominais, ou R$50,56/@, considerando a inflação até hoje. Em outras palavras, há pelo menos 36 anos o produtor não era tão mal remunerado. Vale lembrar que, em setembro de 2005, quando o mercado fechou em R$50,88/@, em termos nominais, ou R$51,73/@, considerando a inflação, acreditava-se que o fundo do poço havia sido alcançado. Tanto é que, graças à forte redução da oferta de animais terminados e ao bom desempenho das exportações, a cotação da arroba havia começado a reagir. Entre 10 de setembro e 10 de outubro, por exemplo, a alta foi de 18% em SP. Mas veio a aftosa no Mato Grosso do Sul. Quase de imediato, o mercado despencou. Logo em seguida voltou a subir, já que a disponibilidade de animais terminados continuava bastante ajustada, e poucos embargos foram levantados contra o Brasil. Porém, depois de alguns dias, foi confirmado um foco também no Paraná, sendo que outros tantos continuavam a surgir no MS. Os embargos começaram a aumentar. Sem contar que foi liberada a entrada de carne e gado do MS em outros Estados e, com a chegada da safra, começou a aparecer gado terminado em pastejo. Aí o mercado não aguentou. O movimento de baixa se intensificou, culminando nos R$50,60/@ de janeiro. Seria, dessa vez, o fundo do poço? As apostas sinalizavam que sim, mas a crise deflagrada pela gripe aviária fez com que os exportadores nacionais passassem a despejar frango a “preço de banana” no mercado interno. Hoje, em SP, já se consegue o produto, no varejo, por menos de R$0,90/kg. Sem pestanejar, o consumidor de carne vermelha migrou para a branquela. O preço da carne bovina caiu e as pressões baixistas sobre o boi gordo se fortaleceram. Hoje, na região de Barretos – SP, o preço referência é R$50,00/@, a prazo, para descontar o funrural, mas já tem frigorífico ofertando R$48,00/@, nas mesmas condições. Na média do mês, do dia 1 ao dia 27, tem-se R$50,71/@. Se o mercado se mantiver em R$50,00/@ até dia 31, março irá fechar com preço médio de R$50,59/@, ou seja, R$0,01/@ a menos que janeiro, em termos nominais. Em síntese, o fundo do poço pode ser mais embaixo. Afinal, para o “recorde” de janeiro não ser quebrado, seria necessário que o mercado reagisse. Mas a tendência é de baixa. Na melhor das hipóteses, preços estáveis. A fase ruim parece não ter fim. As expectativas de recuperação dos preços se concentram no segundo semestre, quando uma série de fatores positivos, como a redução da oferta de animais terminados (entressafra e retração do confinamento); possível queda dos embargos internacionais; ajuste da produção de frango à nova realidade e aquecimento do consumo interno, podem contribuir para que o mercado passe a trabalhar em ambiente firme. (FTR)
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