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Scot Consultoria

Quem se ferra com o calote dos EUA


Quinta-feira, 28 de julho de 2011 - 10h02

Para a Ásia, os problemas de débito que se aprofundam cada vez mais no Oeste são como um asteróide em curso de colisão: muito grande para se esquivar e difícil de se prever exatamente onde será feito o maior estrago. Com aproximadamente US$ 3 trilhões das reservas em títulos da dívida americana – mais de US$ 2 trilhões apenas na China e Japão juntos – a Ásia seria diretamente exposta no caso de um calote da dívida americana. “Onde os países asiáticos poderiam investir essa quantidade?”. Resposta: “Em lugar nenhum”, diz Chris Rupkey, economista financeiro, chefe do banco de Tokyo – Mitsubishi UFJ em Nova York. Funcionários do governo entrevistados pela agência de notícias Reuters disseram que não há nada a se fazer além de assistir e esperar pelo melhor enquanto Washington briga para chegar a um acordo político que ao mesmo tempo evite um calote em dois de agosto e satisfaça as agências de avaliação de risco, que procuram por provas de sustentabilidade de crédito em longo prazo. Há gente mais preocupada com os riscos vindos da Europa, onde a crise se espalhou além da Grécia, Irlanda e Portugal para uma economia mais significativa: a Itália. O custo dos pacotes de estímulo econômico e os socorros aos bancos vêm aumentando os déficits orçamentários em toda a região do euro, alimentando o temor de que os governos tenham dificuldade em pagar suas dívidas, gerando o risco adicional de rebaixamento de notas de países europeus, embasando também a insegurança sobre a credibilidade do euro. “Os títulos da dívida americana nos causariam perdas caso o país caísse na classificação, mas não seria o fim do mundo para nós. Nós não teríamos problema em investir num país com classificação inferior a AAA. Por outro lado, o que poderíamos comprar vendendo dólares? Euros? Seria um investimento melhor que o dólar?”, disse um funcionário do governo japonês que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar sobre planos de contingência. A preocupação japonesa seria um fortalecimento do yen frente ao euro ou ao dólar, se o problema de débito piorar, o que afetaria as exportações e restringiria o crescimento da economia interna. No Brasil, existem diversas posições sobre o que aconteceria com a moeda brasileira em um cenário de calote americano. Apesar dos juros altos no Brasil, a insegurança causada pela moratória americana provavelmente geraria uma fuga de investidores, o que desvalorizaria o real. A maior preocupação da Ásia seria o pânico global. Um eventual calote dos EUA seria um impacto direto. Não apenas as participações no tesouro americano que a Ásia possui estariam em risco. O receio faria provavelmente os investidores retirarem o capital aplicado em mercados emergentes, ainda que suas perspectivas de crescimento sejam mais saudáveis do que em muitos países desenvolvidos, e aplicarem em economias de países desenvolvidos ainda fora de perigo, como a Alemanha. Não parece haver opção boa, mas sim uma escolha do tipo “dos males,o menor”. No cenário brasileiro de exportações de carnes em 2010, segundo dados da Secretaria de Comercio Exterior, Japão, Hong Kong e China estão entre os principais importadores do frango brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), Hong Kong foi o terceiro maior mercado para carne bovina em 2010 e se manteve nesta posição na parcial janeiro a março de 2011. E a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína tem Hong Kong como segundo maior importador de carne suína. No quesito grãos, a China é a principal consumidora da soja grão brasileira. Em várias cadeias do agronegócio, países asiáticos figuram entre os principais compradores e obviamente nos prejudicará se nossos clientes reduzirem seus meios para adquirir nosso produto. Se as exportações caírem, a oferta interna aumenta e os preços caem. A preocupação asiática pode se transformar na nossa. Fonte: Agência Reuters de Notícias. Por redação.
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