Após dois dias de apuração, especialistas apontam no Encontro de Intensificação de Pastagens os caminhos para superar desafios e aproveitar as oportunidades na pecuária à pasto.
O Encontro de Intensificação de Pastagens (EIP), promovido pela Scot Consultoria, reuniu alguns dos principais nomes do agronegócio nacional para um debate abrangente sobre o presente e o futuro da pecuária intensiva em pasto. Ao longo de diversos painéis, um tema se mostrou comum: a necessidade de buscar eficiência em todas as etapas da produção, aliando sustentabilidade e tecnologia para consolidar a posição do Brasil como líder global no fornecimento de proteína animal.
Com mais de 630 participantes, vindos de 162 cidades, 16 estados + DF, que acompanharam o caso presencialmente ou de forma remota, os dois dias de apuração trouxeram mensagens de otimismo frente aos novos mercados que a pecuária brasileira pode alcançar, destacando que o sucesso exige investimento em conhecimento, gestão de qualidade e a adoção de sistemas integrados e inteligentes de produção.
Estiveram presentes 18 palestrantes, além de moderadores e debatedores que conduziram painéis de investigação para finalizar cada bloco de conhecimento. Os debates destacaram que o produtor não precisa ser refém das circunstâncias, pelo contrário, pode se valer de ferramentas de análise, estratégias produtivas e modelos de gestão para tomar as melhores decisões.
Voltado para a temática investigativa, o conteúdo e dinâmicas do EIP seguiram o enigma: O lucro sumiu: quem é o culpado?
Foto: Bela Magrela
O evento, como de costume, contou com um coquetel repleto de música, comida e bebida de qualidade, promovendo momentos de integração entre participantes e parceiros.
Foto: Bela Magrela
Dividido em quatro blocos, o evento aprofundou a discussão em temas como:
(1) Suplementação como estratégia para potencializar ganhos; (2) Desafios e oportunidades globais para o Brasil; (3) Foco na forrageira: um olhar além da fisiologia da planta; e (4) Três safras, um ano: integração e suas vantagens competitivas no Brasil.
Abrindo o Encontro de Intensificação de Pastagens, o primeiro bloco mostrou que a suplementação vai muito além do fornecimento de ração — ela conecta mercado, nutrição, logística e rentabilidade. Para aproveitar as oportunidades, o ponto de partida é entender o comportamento dos insumos. Como destacou Felipe Fabbri (Scot Consultoria), “2025 está sendo um ano oportuno e de oportunidades”, reforçando que a leitura do mercado é decisiva para ajustar estratégias no campo.
Nesse contexto, Luiz Gustavo Nussio (Esalq/USP) projetou que o avanço do etanol de milho ampliará a oferta de coprodutos úmidos no país, exigindo o uso de aditivos e manejo técnico para maximizar resultados. Adilson Aguiar (FAZU) complementou, lembrando que “calcular a produtividade por hectare é simples, mas sua composição é complexa”, pois o desempenho animal depende de múltiplos fatores que vão do ambiente ao manejo nutricional.
A importância dessa visão integrada foi reforçada por Diogo Fleury (Esalq/USP), ao comparar as experiências do Brasil e da Austrália, dois gigantes da pecuária que, mesmo com desafios distintos, trilham caminhos complementares rumo à eficiência.
Encerrando o painel, o produtor Daniel Junqueira resumiu o espírito investigativo do bloco e reforçou a autonomia do pecuarista frente às adversidades: “O produtor não deve ser refém das circunstâncias; ele pode escolher o caminho da eficiência.”
Foto: Bela Magrela
O segundo bloco consolidou a visão sobre o papel do Brasil na pecuária mundial, destacando que competitividade se constrói com informação, eficiência e reputação. Dados e análises mostraram que o país segue protagonista no abastecimento global, sustentado por um consumo interno e exportações em ritmo aquecido.
Na palestra “Na trilha da proteína animal: o que os números revelam sobre o futuro do setor?”, Alcides Torres e Juliana Pila (Scot Consultoria) destacaram quatro pilares que impulsionam o momento positivo: menor participação de fêmeas no abate, valorização do bezerro, exportações firmes e retomada do consumo doméstico. “O mundo quer carne, e o Brasil consegue atender essa demanda”, sintetizaram.
Reforçando essa posição, Francisco Castro, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi enfático ao afirmar que “o Brasil é o maior, melhor e único player do futuro para produzir alimento”, ressaltando que sanidade e rastreabilidade consolidam a imagem do país no cenário internacional, especialmente após o reconhecimento como território livre de febre aftosa recebido pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA).
Leonardo Alencar (XP Research) trouxe a leitura financeira do setor com foco no comportamento das indústrias frigoríficas, apontando a força da demanda externa e o papel da diversificação das empresas diante da volatilidade global. “A cada trimestre, o cenário é melhor do que o previsto anteriormente”, destacou.
Para Geraldo Martha (Embrapa Agricultura Digital), o crescimento da produtividade e o aumento do consumo per capita evidenciam o avanço da pecuária nacional, mas também reforçam a necessidade de investir em conhecimento e gestão. Como alertou: “O futuro provável é incerto — e deve ser intensivo em conhecimento!”.
Base da pecuária brasileira, a pastagem foi colocada sob os holofotes no segundo dia de evento, que mostrou que a rentabilidade do sistema começa na eficiência da forrageira. As discussões percorreram do diagnóstico das áreas produtivas ao manejo e à adubação.
O bloco foi aberto com o lançamento da pesquisa-expedicionária da Scot Consultoria: Circuito Cria, apresentada por Diego Rossin e Letícia Quintino, que está em rota pelo país mapeando a base da produção pecuária brasileira. Em seguida, Pedro Gonçalves reforçou o papel estratégico das pastagens no território nacional ao destacar que “o Brasil se tornou potência pecuária sobre o tapete verde de suas pastagens”.
A professora Janaina Martuscello (UFSJ) deu sequência à investigação lembrando que “o culpado pela perda do lucro não é o boi”, mas sim as falhas no manejo. Para ela, “otimizar a produção de forragem é essencial para maximizar a produção animal”, apontando o pasto como elo decisivo da eficiência produtiva.
No campo da nutrição e fertilidade do solo, o professor Rubens Ribeiro (UFT) mostrou que “o equilíbrio nutricional assegura a resposta da produtividade na pastagem”, expondo a necessidade de reposição de nutrientes no solo para alcançar a boa produtividade do capim Mombaça. Enquanto Manuel Macedo (Embrapa Gado de Corte) alertou que “a recuperação sem manutenção mantém o sistema preso ao ciclo vicioso de degradação”, defendendo estímulos e políticas que incentivem a continuidade do manejo adubado.
Encerrando o bloco, Igor Dias (Embrapa Agricultura Digital) trouxe uma leitura estratégica sobre os diferentes níveis de produtividade das pastagens, mostrando que compreender essas variações é fundamental para decisões mais assertivas em manejo, adubação e investimento. Ele propôs uma análise técnico-econômica e ambiental que reconhece a oscilação produtiva como parte natural da gestão.
“É equivocado associar a fase de manutenção da pastagem com um ‘estágio inicial de degradação’. Dentro de certos limites, essa oscilação da produtividade pode ser uma decisão econômica racional, assim como ocorre com a cultura de cana-de-açúcar”, completou Geraldo Martha, debatedor convidado para esse bloco.
O bloco final destacou como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) une produtividade, sustentabilidade e competitividade. As palestras construíram uma narrativa desde a fundamentação técnica, passando por cases de sucesso e gestão, finalizando na avaliação dos impactos ambientais e econômicos da prática.
Lourival Vilela abriu destacando os fundamentos técnico-econômicos e benefícios da integração lavoura-pecuária, que alia produtividade e preservação ambiental. Segundo ele, o sistema promove melhoria do solo, diversificação de espécies, mitigação de riscos e maior eficiência econômica. “O crescimento sustentável demanda eficiência técnica, sustentabilidade econômica, estabilidade social e coerência ecológica”, afirmou o pesquisador.
Na sequência, André Cervi (Fazenda Agromantova) apresentou como a diversificação das atividades através da ILP foi determinante para a transformação da Agromantova, em Balsas (MA). Com foco em gestão de risco, visão estratégica e decisões orientadas por números, mostrou como a integração é uma alavanca para expandir a pecuária em novas fronteiras de forma eficiente.
José Zacarin trouxe o exemplo da Fazenda Santa Vergínia, a maior IPF do país, mostrando que a integração Pecuária-Floresta também oferece resultados concretos em escala. Ele destacou a gestão por indicadores, ganhos em bem-estar animal, a capacitação da equipe e a diversificação de ativos, como a madeira, como pilares de um modelo altamente rentável.
Encerrando o bloco, William Marchió (Rede ILPF) questionou o uso superficial do termo “regenerativo” e apresentou uma abordagem baseada em indicadores, mostrando como medir, aplicar e escalar práticas que regeneram ecossistemas sem renunciar à produtividade e ao retorno econômico. Ele destacou que a agropecuária regenerativa se fundamenta em boas práticas agropecuárias, no Código Florestal e na legislação trabalhista, apresentando estudos que comprovam ganhos concretos de produtividade e maior retorno financeiro desses sistemas.
Foto: Bela Magrela
Participou do Encontro de Intensificação de Pastagens e quer rever as palestras? Acesse aqui (gravações disponíveis por tempo determinado).
O Encontro de Confinamento e Recriadores, próximo evento realizado pela Scot Consultoria em Ribeirão Preto-SP, já tem data marcada: de 7 a 10 de abril de 2026. Reserve sua agenda!
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