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Scot Consultoria

Rebanho bovino brasileiro chega a 204,5 milhões de cabeças. Será?


Quarta-feira, 7 de dezembro de 2005 - 13h05

De acordo com o Insituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho bovino brasileiro alcançou 204,5 milhões de cabeças em 2004. Um aumento de 4,6% sobre as 195,5 milhões de cabeças do ano anterior. Será? É no mínimo biologicamente impossível o rebanho ter alcançado um crescimento dessa magnitude, mediante o expressivo movimento de abate de matrizes observado ao longo dos últimos anos. Aliás, o esperado era que ele retrocedesse. De 2002 a 2004, de acordo com o próprio IBGE, o abate de vacas aumentou 87,7%. Para se ter uma idéia, o de bois reagiu “apenas” 11,1%. O que pode ser considerado uma evolução normal. Em síntese, cerca de 3,7 milhões de fêmeas foram abatidas por meio de um descarte “forçado”, isso considerando apenas os abates fiscalizados. Vale lembrar que cerca de 40% da carne brasileira ainda é produzida de forma clandestina, ou seja, sem inspeção. Portanto, a realidade é que cerca de 6 milhões de fêmeas, boa parte matrizes, foram enviadas para o abate como forma do produtor tentar reanimar o caixa, ou seja, reduzir prejuízos. Reflexo da fase de baixa do ciclo pecuário. Com base nessas informações, a Scot Consultoria estimava que o rebanho bovino brasileiro se reduziria a 193,3 milhões de cabeças em 2004. Isso significaria uma retração de 1,2% em relação a 2003. Para 2005 seria esperado um novo recuo, dessa vez de 1%. O fato é que desde 1996 não se realiza um Censo Agropecuário no Brasil. Desde aquele ano o IBGE vem atualizando suas estimativas de rebanho com base, principalmente, nos resultados das campanhas de vacinação contra febre aftosa. Portanto, das duas uma. Ou o modelo utilizado para a extrapolação dos dados não está bem calibrado, ou o rebanho brasileiro é bem maior do que se imagina, e a intensificação das campanhas de vacinação tem feito “surgir” animais antes não contabilizados. Em síntese, acreditamos que o rebanho realmente diminuiu em 2004, mas a base pode estar errada. Nesse caso, só mesmo um novo censo agropecuário para elucidar a questão. Sejam 180 milhões ou 210 milhões de cabeças, o Brasil detém, de fato, o segundo maior rebanho bovino do mundo, se destacando como maior exportador e segundo maior produtor de carne bovina do planeta. Mas é preciso ajustar os dados, para que se possa aumentar a confiabilidade de análises e projeções. Detalhe. Classificar o rebanho bovino brasileiro como o maior rebanho comercial do planeta é um tanto quanto questionável. O rebanho indiano já superou as 300 milhões de cabeças, sendo que a Índia disputa, atualmente, a quarta posição no ranking de exportadores de carne bovina com Argentina e Canadá. (FTR)
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