Foto por: Bela Magrela
No Mato Grosso, pecuaristas têm adotado práticas para potencializar a produtividade enquanto enfrentam de maneira estratégica os desafios edafoclimáticos característicos da região.
Entre as estratégias observadas pela equipe da expedição Confina Brasil nesse trecho do estado, destacam-se a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) e a Recria Intensiva a Pasto (RIP), que não apenas otimizam os recursos disponíveis, mas também se adaptam de forma inteligente às condições locais.
A opção pelo semi-intensivo, em vez do confinamento convencional, é motivada por diversas razões. Além de reduzir significativamente os custos operacionais e estruturais, o sistema semi-intensivo facilita o manejo dos animais e integra o pasto como parte essencial da dieta.
Essa abordagem aproveita a capacidade natural de pastagem da região e minimiza a dependência de insumos externos.
O Mato Grosso enfrenta variações pluviométricas significativas ao longo dos anos, o que pode impactar diretamente a produção agrícola.
A implementação da pastagem em áreas anteriormente destinadas à cultura da soja ou transição para sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) tem se mostrado estratégica e eficiente. A fertilização com dejetos tratados do confinamento enriquece o solo e contribui para o aumento da produtividade das áreas de pastagem intensiva e da lavoura.
Foto por: Bela Magrela
É o caso da fazenda Morada do Sol, localizada em Cáceres, que tem explorado intensivamente a terminação e recria de animais no pasto.
Originalmente dedicada à cultura da soja (até 2012), a fazenda adaptou-se devido às grandes oscilações pluviométricas da região. A terra possui bom teor de argila para plantio, mas as variações climáticas, com restrições hídricas ou fortes chuvas em épocas diferentes, tornavam a produção inviável em alguns anos.
A mudança estratégica para pastagens, utilizando adubação orgânica proveniente do confinamento, permitiu uma transição eficiente.
Essa abundância de pastagem possibilitou à Morada do Sol intensificar a terminação e recria dos animais a pasto, resultando em um sistema de engorda mais econômico durante a maior parte do ano. Nos meses secos, o confinamento se torna mais viável, utilizando bagaço de cana da usina local como fonte volumosa na dieta dos animais.
Outro caso semelhante é o da Fazenda Santo Expedito, no município de Pontes e Lacerda. Atualmente, a fazenda realiza ciclo completo, com cria, recria e engorda de bovinos, utilizando amplamente as práticas de TIP e RIP. Na área destinada à agricultura, cultivam milho safra e capim de maneira integrada. O confinamento é empregado estrategicamente, visando otimizar a taxa de lotação da propriedade nas águas e servindo de estratégia para aliviar as pastagens na seca.
Na Fazenda Ressaca, da Agropecuária Grendene, em Cáceres, parte de suas áreas são destinadas às pastagens perenes no sistema de ILP, consorciado ao sorgo.
O confinamento difere do uso convencional, sendo utilizado não apenas para terminação de animais, mas, principalmente, para preparação de lotes destinados aos leilões e para o resgate de bezerros, comumente conhecido como sequestro, estratégia que permite o manejo eficiente da lotação durante as épocas de chuva e seca.
Na época da seca, quando a capacidade de suporte das pastagens diminui, a propriedade submete os bezerros ao sistema de resgate, finalizando a etapa de recria desses bovinos no confinamento.
A Fazenda Ressaca também adota um projeto circular em que os dejetos são recolhidos, enriquecidos e utilizados nas lavouras e pastagens.
Foto por: Bela Magrela
Em Vila Bela da Santíssima Trindade, na Fazenda Fortaleza do Guaporé, um dos principais destaques é a fábrica de ração, considerada uma das mais completas da região. A área destinada à agricultura é predominantemente utilizada para o cultivo de milho e soja, que, por sua vez, serão destinados à alimentação do gado confinado. A área também conta com a integração com o capim.
Nas pastagens da Fazenda Encantado IV, parte do Grupo Webler, em Sapezal, são utilizadas tanto a TIP quanto a RIP. Quase todo o gado que entra no confinamento é de recria própria, proveniente de outras fazendas do grupo. Os bovinos são colocados em uma RIP, e, ao final desta fase, aqueles que atingem o peso desejado são mantidos no pasto para terminação. Esses animais estão próximos do peso ideal para o abate e são finalizados na TIP, aproveitando os recursos naturais do pasto.
Por outro lado, os animais mais leves da mesma RIP são encaminhados para o confinamento para alcançarem o peso ideal antes do abate. Essa abordagem otimiza tanto o uso eficiente do pasto quanto a terminação dos animais no confinamento.
A TIP e a RIP têm se destacado como métodos eficazes para acelerar o ciclo de produção do gado bovino.
Na RIP, o foco está na fase inicial de crescimento dos animais, garantindo que eles atinjam o peso ideal de forma mais rápida e saudável. No momento da TIP, a dieta é equilibrada para incluir tanto o pasto quanto suplementos concentrados, permitindo essa terminação intensiva no pasto. A dieta suplementar aplicada varia de acordo com a necessidade da fazenda, raça, sexo dos animais e até mesmo pela disponibilidade da pastagem. Normalmente, empregados até 2% do peso vivo (PV) em ração concentrada, após a escolha do suplemento (entre farelos, tortas, grãos e demais insumos).
Foto por: Bela Magrela
Segundo dados da Scot Consultoria, essas práticas não só aumentam a eficiência produtiva, mas também reduzem os custos operacionais, tornando-se uma escolha viável para pecuaristas que buscam melhorar a rentabilidade.
O preço por arroba produzida pode ser impactado positivamente por essas estratégias quando bem estruturadas, pois elas permitem uma gestão eficiente dos recursos disponíveis, além de maximizar o aproveitamento das áreas de pastagem.
A sustentabilidade e a eficiência são peças-chave na atividade agropecuária, e as práticas de TIP e RIP representam um avanço significativo da atividade rumo à tecnificação, em busca de melhores resultados. Ao integrar métodos e estratégias em suas práticas, atentos às realidades climática e econômica da região, os pecuaristas não apenas se adaptam, mas prosperam, criando um modelo de produção que não só responde aos desafios locais, mas também serve de exemplo para outras regiões agrícolas do país.
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