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Scot Consultoria

Sobre as exportações brasileiras de gado em pé


Quinta-feira, 17 de dezembro de 2009 - 08h42

A nossa última Carta Boi, “Vantagens e mais vantagens das exportações brasileiras de gado em pé”, gerou boa repercussão e está alimentando debates sobre essa importante atividade. Atingimos, portanto, o nosso objetivo. A questão é que, em reação a ela, alguns grupos contrários à atividade voltaram a inundar a internet e a mídia, de forma geral, com informações distorcidas. Valem, portanto, algumas considerações: Argumento 1: A Carta Boi não trata da questão do sofrimento dos animais no transporte a longas distâncias. Realmente esse tema não foi abordado a fundo. Porém, ao final da análise, apontamos que a cadeia produtiva deve trabalhar, como prioridade, na adoção de modelos boas práticas de produção que envolvam, inclusive, o transporte de animais em longas distâncias. Argumento 2: A mortalidade dos animais nesse tipo de transporte é altíssima. Aliás, em uma das afirmações que li a respeito dessa questão, o autor comparou a exportação de bovinos vivos ao transporte de judeus durante o Holocausto. Trata-se de uma inverdade. A mortalidade, hoje (para os exportadores de primeira linha), é baixíssima, quase zero para a Venezuela e menor do que 1% para o Líbano. Os animais, aliás, chegam a ganhar peso durante as viagens, pois são bem alimentados (ao contrário do que também querem nos fazer crer). Há um blog que mostra o vídeo de um embarque/transporte realizado em 2005, num dia em que quase tudo deu errado (algumas coisas forçadamente erradas, justamente para chamar a atenção a esse vídeo clandestino, de acordo com informações da associação dos exportadores), dando a entender que essa é a realidade do negócio, e não uma exceção. Parece até que não foram registrados avanços de lá para cá. Seria a mesma coisa que voltar alguns anos às linhas de abate, dentro de um frigorífico mal-estruturado, filmar os animais pulando uns em cima dos outros no caminho para a sala de abate, levando marretadas na cabeça, e dizer que isso é a regra de hoje e que devemos parar de abater bovinos. A realidade, amigos, não é mais essa. Foi. Avanços foram obtidos nos frigoríficos em termos de eficiência produtiva e bem estar animal. Esse é o caminho que vem sendo trilhado e que deve ser incentivado para as exportações de gado em pé. Argumento 3: Os pecuaristas defendem a exportação de gado em pé pelo fato de serem imediatistas. Essa foi de doer. Uma fazenda, para ser formada e chegar ao ápice de produção, leva ao menos uma década. Aliás, na “grande prática”, esse é um trabalho contínuo. Sem contar que a pecuária é uma atividade de ciclo longo. Como, portanto, ser imediatista? A exportação de gado em pé é uma opção aos pecuaristas que, até então, só tinham uma: a venda aos frigoríficos (esses, por sua vez, vendem para curtumes, graxarias, indústrias químicas, restaurantes, hotéis, grandes e pequenos varejos, dentro e fora do país... ou seja, têm diversas opções e não são taxados de imediatistas). Vale lembrar, aliás, que o setor frigorífico está em franco processo de concentração. Além de só poder vender para o abate, o pecuarista tem que lidar com a redução das opções dentro dessa linha (hoje, em algumas regiões, só há um único grupo frigorífico em atuação). Porém, amigo pecuarista, se aparecer alguém querendo exportar seus bois e lhe fizer uma boa proposta, não aceite. Não seja imediatista! Abra mão das suas opções, aprenda a lidar com a concentração da ponta compradora, deixe de gerenciar seu risco de venda e não seja um chorão. Acredite... tem gente que defende essa idéia. Para finalizar, reforço aqui os argumentos apresentados em nossa análise: as exportações de gado em pé agregam valor dentro e antes da porteira, geram empregos, geram divisas e ajudam a manter o mercado equilibrado (amenizando ciclos de desinvestimento). Por fim, não competem, em termos de país, com a produção e comercialização de carne bovina, ou seja, o Brasil pode se dedicar aos dois negócios, reduzindo riscos e expandindo mercados.
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