• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Boi gordo: dilema no mercado futuro


Quarta-feira, 22 de abril de 2009 - 09h01

Por Fabiano Tito Rosa Perguntaram-me outro dia se o mercado futuro de boi gordo já alcançou um bom patamar para hedge. A resposta é, no mínimo, custosa, pois essa questão pode ser analisada de formas diferentes. Existe, por exemplo, um conceito “clássico” de que se o mercado futuro já está cobrindo seu custo de produção, então é chegada a hora de partir para o hedge. Daí, porém, surgem duas complicações. Primeiro, estima-se que cerca de 90% dos pecuaristas não fazem a mínima idéia do custo de produção, em R$/@. Depois, é preciso considerar que mesmo que os custos já estejam cobertos, o risco de comprometer o fluxo de caixa é bastante elevado, caso o mercado futuro ainda tenha força para subir mais. Isso obrigaria o pecuarista a arcar com uma penca de ajustes. Existem alternativas para minimizar esse risco, mas não vamos abordá-las nesse espaço. Uma dica é acompanhar a coluna “Mercado Futuro”, do médico veterinário Leandro Bovo (Credit Suisse – HG), publicada semanalmente no informativo Boi & Companhia, editado pela Scot Consultoria. Voltemos, portanto, à pergunta inicial. Outra forma de buscar a resposta está na análise do “prêmio” que o mercado futuro está pagando. Na segunda-feira (dia 20), por exemplo, o mercado futuro de boi gordo fechou em R$85,22/@ para outubro, o contrato de maior liquidez da entressafra. O Indicador ESALQ à vista, por sua vez, fechou em R$80,45/@. Dessa forma, para outubro, a BM&F pagou, na última segunda-feira, um prêmio de 6% sobre a atual cotação do boi gordo. Bem melhor do que vinha sendo registrado no início do ano, quando o mercado futuro estava invertido (preços futuros, para a entressafra, abaixo do mercado físico). De toda forma, entre 1995 e 2008, a valorização média do boi gordo entre abril e outubro foi de 11%. Esse cálculo foi feito com base na série histórica de preços da Scot Consultoria, considerando o boi gordo da região de Barretos – SP. A maior variação, entre abril e outubro, foi registrada em 1999: 28%. A menor, -1%, foi registrada em 2005, ano da descoberta de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Foi a única vez que o boi gordo perdeu valor, em termos nominais, entre os meses de abril e outubro. Portanto, o mercado futuro está pagando, hoje, um prêmio historicamente baixo. Apesar da crise econômica, é preciso considerar que a tendência, para o segundo semestre, é de retração de oferta e, na outra ponta, as vendas de carne estão se aquecendo, principalmente quando olhamos para o mercado externo. Tem-se também uma forte pressão de custo sobre a atividade de recria-engorda, já que a relação de troca se mantém abaixo de 2 bezerros por 1 boi gordo. Esse é mais um fator de alta para o segundo semestre. Logicamente que o fato de algo ter acontecido no passado não quer dizer que ele irá se repetir no futuro. Lembre-se que, em 2008, foi a primeira vez que a cotação do boi gordo atingiu o pico em julho. De toda forma, a história é sempre uma boa referência.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja