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Scot Consultoria

A produção de leite em queda segue dando sustentação aos preços pagos ao produtor


Segunda-feira, 17 de abril de 2017 - 05h50

Foto: Scot Consultoria

 


Sidney Maschio: Rafael, qual foi o comportamento do preço ao produtor neste último levantamento feito pela scot consultoria?


Rafael Ribeiro: Foi o segundo mês de alta no preço do leite pago ao produtor. A média dos 18 estados pesquisados pela Scot Consultoria ficou em R$1,135 por litro, sem o frete, no pagamento de março (produção de fevereiro). O aumento foi de 2,2% frente ao pagamento anterior.


Sidney Maschio: Comparando o preço de hoje com o de março de 2017, a situação melhorou?


Rafael Ribeiro: Sim, o produtor está recendo 12,6% mais em valores nominais ou 6,9% mais, já descontando a inflação (IGP-DI).


Sidney Maschio: Qual é a parte principal da explicação para este novo aumento no preço ao produtor?


Rafael Ribeiro: A produção de leite em queda segue dando sustentação aos preços no mercado brasileiro.


A produção média brasileira caiu 4,5% em fevereiro/17, na comparação com janeiro deste ano. Para março/17, os dados parciais apontam para uma queda de 1,2% na captação, em relação a fevereiro/17.


Sidney Maschio: O que está provocando essa redução da produção nacional de leite, Rafael?


Rafael Ribeiro: Normalmente no Brasil Central o pico de produção é verificado em dezembro/janeiro. A partir daí, com o início da entressafra a curva de produção tende a seguir em queda nas bacias do Brasil Central e região Sudeste.


Mas caber destacar que a pecuária nacional (produção) ainda sente os efeitos das margens apertadas em 2016 e redução dos investimentos por parte do pecuarista na atividade.


Sidney Maschio: Comparando esses números que você falou agora mesmo, a gente percebe que a captação de leite pela indústria está diminuindo menos em relação ao começo do ano. Por que, Rafael?


Rafael Ribeiro: Já reflexo dos menores custos de produção, principalmente com a alimentação, além do clima mais favorável este ano, comparativamente com 2016.


Sidney Maschio: E a respeito do consumo interno de leite e derivados, Rafael, como está a situação atual?


Rafael Ribeiro: Demanda interna patinando. Existe inclusive certa pressão do varejo e redes atacadistas com relação aos preços na ponta final da cadeia, devido ao escoamento ruim e estoques, por exemplo, de queijos.


Sidney Maschio: Podemos esperar uma melhora na demanda por leite e derivados aqui no nosso mercado doméstico em um prazo mais ou menos curto?


Rafael Ribeiro: Pontualmente, o consumo de alguns produtos lácteos, como os queijos, aumenta no período frio do ano. Porém, de maneira geral, para 2017 não é esperada uma recuperação ou crescimento do consumo interno, que está patinando desde meados de 2015.


Sidney Maschio: Como é que estão se comportando os custos de produção do setor leiteiro e o que acontecerá com eles nestes próximos meses?


Rafael Ribeiro: Os custos caíram em março. Foi o segundo mês consecutivo de alívio no bolso do pecuarista. Segundo o Índice Scot Consultoria, o recuo foi de 2,6% em relação a fevereiro deste ano.


As quedas nos preços dos combustíveis/lubrificantes, dos alimentos concentrados e suplementos minerais explicam o cenário.


Na comparação ano a ano, foi a primeira vez nos últimos doze meses que o indicador ficou abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. Frente a março/16, os custos caíram 1,2%. 


A queda nos custos de produção somada as altas no preço do leite ao produtor melhoraram a margem da atividade nos dois últimos meses.


Sidney Maschio:  Somando tudo e passando o traço, o que é que os especialistas do mercado estão prevendo a respeito do preço do leite ao produtor agora em abril?


Rafael Ribeiro: A expectativa é de alta no preço do leite ao produtor, mas alguns fatores poderão limitar estes aumentos em curto prazo:

1. Demanda patinando e pressão na ponta final da cadeia.


2. Produção aumentando na região Sul do país a partir de maio.


3. Importações em alta.



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