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Scot Consultoria

Rafael Ribeiro, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria dá entrevista para o Terraviva


Segunda-feira, 2 de janeiro de 2017 - 05h45

Foto: Rafael Ribeiro da Scot Consultoria


Rafael Ribeiro, analista de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do Canal Terraviva, sobre o atual cenário do mercado do leite.

Sidnei Maschio:  Rafael, faltando agora só algumas horas para fechar o pacote e mandar o dois mil e dezesseis para os arquivos da história, o que podemos dizer a  respeito do preço pago ao produtor de leite ao longo do ano?

Rafael Ribeiro: Tivemos dois cenários: no primeiro semestre a concorrência pela matéria-prima entre os laticínios foi grande e o preço do leite ao produtor teve forte alta, de mais de 20,0% no período. Os preços subiram no atacado e para o consumidor também.

No segundo semestre, com as importações em alta, aumento da produção nacional (safra no Brasil Central e região Sudeste) e demanda patinando, os preços dos lácteos, em especial, o leite longa vida, caiu consideravelmente a partir do pagamento de agosto.

Foi um ano de margens apertadas, devido aos custos de produção em alta no primeiro semestre (destaque para o milho) e queda na produção de leite, o segundo ano seguido.

Sidnei Maschio: E como foi o comportamento do consumo interno no ano que está terminando?

Rafael Ribeiro: Patinando, assim como em 2015. Até mesmo as vendas de leite longa vida foram mais complicadas e houve dificuldade por parte dos laticínios em escoar a produção, gerando estoques e pressão de baixa sobre os preços dos lácteos no atacado.

Sidnei Maschio: Qual foi o tamanho verdadeiro do estrago provocado ao nosso mercado pelos produtos importados?

As importações aumentaram mais de 80,0% em volume em 2016, em relação a 2015.

Sidnei Maschio: Se a demanda não ajudou, como explicamos a alta no preço pago ao produtor?

Rafael Ribeiro: A falta de leite no mercado e a maior concorrência entre os laticínios, sendo este o segundo ano de queda na produção, devido aos baixos investimentos na atividade, aumento dos custos de produção e questões climáticas.

Sidnei Maschio:  De qualquer maneira, a grande preocupação do pecuarista foi com o seu custo de produção. Qual o resumo do ano em relação a esta questão, Rafael?

Rafael Ribeiro: Nos últimos doze meses os custos da atividade leiteira subiram mais de 10,0%, segundo o Índice Scot de Custo de Produção da Pecuária leiteira. Destaques em 2016: milho, combustíveis, mão de obra, entre outros itens.

Sidnei Maschio:  Voltando para a questão do preço ao produtor,  Rafael, a partir de setembro tivemos quedas. Por que isso aconteceu?

Rafael Ribeiro: Uma série de fatores: período de safra no Brasil Central e região Sudeste, demanda patinando, importações em alta, entre outros.

Sidnei Maschio:  Boa parte das principais regiões leiteiras do país ainda estão em período de safra. O que deve acontecer com a oferta de leite nas próximas semanas?

Rafael Ribeiro: A expectativa é de um pico de produção em janeiro no Brasil Central e estados da região Sudeste, mas na região sul do país a produção já caiu, o que deve, de alguma maneira, colaborar para um cenário de mercado do leite mais firme em curto prazo. Os preços do leite subiram no mercado spot e o preço do leite longa vida reagiu no atacado (varejo com estoques pequenos).

Sidnei Maschio:  Em longo prazo, na sua opinião como é que deve ser o comportamento do custo de produção em 2017?

Rafael Ribeiro: Preços menores para o milho em função de uma oferta maior na temporada 2016/2017, assim como para os produtos do complexo soja (farelo de soja). É preciso ficar atento, porém, ao dólar que pode ter uma influência maior sobre os preços das commodities no ano que vem.

Sidnei Maschio:  Após passar mais de dois anos caindo, o preço do leite no mercado internacional mostrou uma recuperação até razoável nos últimos meses. O que aconteceu para mudar o cenário do mercado do leite no mercado internacional?

Rafael Ribeiro : Ajuste do lado produtivo em importantes países produtores e exportadores de produtos lácteos.

Sidnei Maschio:  Como é que essa alta no mercado externo influencia o nosso mercado brasileiro do leite e seus derivados?

Rafael Ribeiro: Deve diminuir em parte a competitividade dos produtos importados em relação aos nacionais. Mas vai depender do câmbio também.

Sidnei Maschio:  Para finalizar, Rafael, em 2017 teremos um bom cenário  para o produtor de leite brasileiro?

Rafael Ribeiro:  Se pensarmos em uma oferta de leite ainda comedida no mercado interno, preços maiores no mercado internacional (redução das importações) a expectativa é de patamares mais alto no primeiro semestre de 2017.

Do lado dos custos de produção, a expectativa é de queda nos preços, assim como os farelos. E por fim, espera-se um clima melhor também.

De qualquer maneira, ainda é um ano de cautela. A sugestão é colocar a casa em ordem e tentar recompor caixa.


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