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Scot Consultoria

Boi no RS em relação ao restante do país


Quarta-feira, 22 de outubro de 2008 - 09h45

Essa análise foi sugerida por um cliente da Scot Consultoria, em função do texto publicado ontem (Boi do Norte vale tanto quanto o do Brasil Central) , neste mesmo espaço. Porém, para analisar o mercado do Rio Grande do Sul, é preciso voltar um pouco mais no tempo, e considerar os efeitos do ciclo pecuário. Os reflexos do abate forçado de matrizes e da redução de investimentos, entre 2002/2003 e 2006, começaram a ser sentidos em 2006. Em algumas praças, o bezerro já começou a reagir no início daquele ano. O boi, por sua vez, entrou em alta a partir do segundo semestre. No Rio Grande do Sul o impacto foi realmente muito forte. Primeiro, porque além do descarte de matrizes ter figurado entre os mais intensos, os criadores locais foram acometidos por secas severas, entre 2003 e 2005, que derrubaram a produtividade. Segundo, conseqüência do primeiro, as fazendas de cria (com baixíssimos resultados) cederam espaço à agricultura, e a perda de área de pecuária, no Rio Grande do Sul, foi das maiores registradas no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Paraná. Por fim, em função do modelo de produção local (campos nativos, com baixíssimo índice de tecnificação), praticamente não houve intensificação que compensasse, ao menos em parte, a perda de área, como aconteceu no Brasil Central. Portanto, quando o ciclo pecuário atual teve início, a valorização do boi gordo no Rio Grande do Sul superou a média do restante do país. As cotações locais alcançaram os patamares mais altos, acima daqueles praticados em São Paulo. Veja, na figura 1, a evolução comparativa dos preços do RS (região de Pelotas) com SP – Barretos (praça balizadora do mercado) e RO (referência na região Norte). O boi gordo do RS passou a ser o mais “caro” do país a partir de maio de 2006, superando o de SP. Até outubro de 2007 essa posição foi perdida em apenas três oportunidades: agosto, setembro e outubro de 2006. O ágio do boi do RS em relação ao de RO chegou a 46,5%, na média de junho de 2006. Acompanhe a evolução das diferenças de preço entre RS e SP/RO na figura 2. Hoje, o boi em Pelotas – RS é negociado a R$82,50/@, sendo R$93,00/@ em Barretos – SP e R$84,00/@ em RO. A defasagem do RS em relação a SP voltou, portanto, ao patamar “normal”. O que não é normal é o boi do extremo Sul do país valer menos que o de Rondônia. De fato, ao longo de 2008, o boi do RS esteve entre os que menos subiram (17%), sendo que o de RO foi o que mais subiu (37%). No RS, o abate de matrizes já caiu aos patamares de antes da crise, o que levou à acomodação dos preços do bezerro e à redução da “pressão de custos” sobre os invernistas. De fato, as relações de troca do Estado estão entre as mais altas do país. É preciso considerar também que enquanto a capacidade de abate de RO aumentou, a do RS diminuiu, mediante o fechamento e paralisação de algumas indústrias. Rondônia inclusive assumiu a posição de quarto maior Estado exportador do Brasil, que até pouco tempo atrás era disputada por Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Há pouco mais de dois anos, quando o ciclo começou a virar, o Rio Grande do Sul era a “bola da vez”. Agora, com a fase de alta do ciclo pecuário do meio para o fim, é Rondônia que chama a atenção. (FTR)
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