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Pecuária de corte: de olho no abate de fêmeas


Sexta-feira, 26 de setembro de 2008 - 09h34

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os números dos abates de bovinos no segundo trimestre de 2008. Dessa forma, já se tem o resultado consolidado do primeiro semestre do ano. A primeira constatação é que os abates estão em queda. Foram 14.815.818 cabeças bovinas abatidas no primeiro semestre de 2008, contra 15.701.299 cabeças no mesmo período de 2007. Uma retração de 5,6%, levando-se em consideração “apenas” o abate formal. Redução de oferta, mediante aumento da capacidade de abate da indústria, leva a aumento de preços. Foi o que aconteceu ao longo da safra de 2008. Mas o que importa mesmo, para uma análise de longo prazo, é acompanhar o que está acontecendo com o abate de vacas. Ele caiu 7,4% em relação aos primeiros 6 meses de 2007, mantendo a trajetória de queda iniciada de 2003 para 2004, como ilustra a figura 1. Na verdade, o abate de vacas estava em alta até 2006, mas o movimento já vinha perdendo força. Entrou em “território negativo” de 2006 para 2007 (-5,9%), intensificando a queda este ano. Outra forma de analisar esse comportamento é através da representatividade do abate de vacas em relação à soma dos abates de bois e vacas. Acompanhe na figura 2. Veja que, após atingir patamares bastante elevados entre 2004 e 2006 (auge da crise da pecuária), a participação dos abates de fêmeas em relação aos abates totais começou a ceder. O aumento registrado este ano tem que ser analisado com cautela, pois em primeiro trimestre, independentemente da fase do ciclo pecuário, a participação das fêmeas aumenta mesmo. Isso porque elas terminam mais cedo, considerando também os descartes normais pós-estação de monta. Portanto, na figura 2, a análise deve se estender, ao menos por enquanto, até o ano de 2007. A participação das fêmeas, no que diz respeito aos abates, está em queda. Em alguns Estados, como Rio Grande do Sul e Goiás, a participação dos abates de fêmeas já retornou ao patamar pré-crise, ou seja, está nos níveis registrados entre 1998 e 2002. Em alguns Estados ainda não, mas de forma geral, como ilustra as figuras 1 e 2, o Brasil está mandando menos vacas para o gancho. É preciso considerar, primeiro, que alguns plantéis foram literalmente dizimados entre 2002 e 2006. Ou seja, o estoque de vacas diminuiu significativamente. Mas essa queda no abate de fêmeas também é reflexo da retenção de matrizes, graças à forte valorização do bezerro ao longo dos últimos dois anos. Esse movimento é necessário para que o rebanho se recomponha. De toda forma, num primeiro momento, agrava ainda mais a situação de oferta para as indústrias frigoríficas, pois as vacas que antes se destinavam ao abate, agora retornam à função de progenitoras. (FTR)
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