• Domingo, 28 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Mercado do boi gordo: semelhanças com 2007?


Terça-feira, 9 de setembro de 2008 - 09h40

A pressão de baixa é forte. Os frigoríficos, ao menos aqueles que operam no Brasil Central, contam com o aumento da oferta de animais confinados para esticar as escalas e tentar derrubar as cotações da arroba. Nós já vimos esse filme antes. Acompanhe a evolução dos preços do boi gordo ao longo do segundo semestre de 2007 na figura 1. As cotações referem-se às praças de São Paulo–SP e Goiânia–GO. Antes vale destacar uma coisa. Até pouco tempo atrás, sempre que fazíamos qualquer análise de mercado, com a ajuda de gráficos e tabelas, era obrigatório considerar as estatísticas de São Paulo, para o caso do boi gordo, e do Mato Grosso do Sul, no caso do bezerro. Agora, as análises de preços do boi gordo na entressafra, principalmente quando se faz referência aos confinamentos, têm que estar acompanhadas também dos números e informações de Goiás. Isso porque o Estado já responde por mais de 40% do volume de gado confinado do Brasil. Veja no gráfico que, em meados de agosto de 2007, tem início um movimento de baixa, impulsionado pelo aumento da oferta de gado de cocho. Ele se estende até o início de outubro, quando a redução de oferta e o aquecimento do consumo voltam a favorecer a valorização da arroba. O Brasil confina cerca de 3 milhões de cabeças, mas abate algo entre 45 e 47 milhões. Dessa forma, pode o confinamento influenciar tanto o mercado? Eu acredito que sim. Primeiro, porque é uma oferta concentrada: pense em cerca de 3 milhões de cabeças caindo no mercado em apenas 3 ou 4 meses, sendo que ainda tem o gado de semiconfinamento, de sal proteinado, de sal com uréia... Segundo, é mais fácil para frigorífico usar estrategicamente essa oferta. Ela está concentrada nas mãos de menos fornecedores, em comparação ao que acontece na safra, que são monitorados e consultados com freqüência. Além do mais, as indústrias têm gado próprio no cocho e, hoje, contam também com o boi a termo. É o tal do hedge de matéria-prima. Agora o boi de confinamento vem de uma vez e também vai embora rápido. E, principalmente em períodos de oferta realmente reduzida, ou seja, de fase de alta do ciclo pecuário, já havendo retenção de matrizes (em função da valorização do bezerro), tem-se uma boa chance de ocorrer um “vale de oferta” no final do ano. Isso aconteceu no ano passado (veja o gráfico mais uma vez) e pode acontecer de novo este ano. Aliás, agora em 2008 é preciso considerar também que os custos de produção elevados e o arrefecimento das expectativas de preço para outubro e novembro podem influenciar (na verdade o correto seria “já podem ter influenciado”) negativamente o segundo ou terceiro turno dos confinamentos. É uma possibilidade que não pode ser desprezada. Em outras palavras, a oferta pode, dentro de algumas semanas, voltar a trabalhar a favor da valorização da arroba. Mas e a demanda? Bom, vou deixar para discutir a demanda depois. Assim tenho uma pauta na manga. Fugindo um pouco do assunto, a defasagem da cotação da arroba de Goiás–GO para Barretos–SP, ao longo do segundo semestre de 2007, ficou em 6,6%. Na média de junho, foi de 4%. Porém, entre o início de agosto e 10 de outubro, período de retração dos preços (portanto de maior oferta), ela aumentou para 7,6%. Daí em diante, ficou na média de 6,7%, com 4,9% em dezembro. Este ano temos observado algo semelhante. A defasagem de preços de GO para SP aumenta significativamente quando o gado de confinamento cai no mercado. Aliás, o boi de Goiás já vale quase o mesmo que o boi de Rondônia, por exemplo: R$82,00/@ contra R$80,00/@, ambos a prazo, para descontar o funrural. (FTR)
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja