Safra recorde em cenário incerto

O Brasil mais uma vez bateu recorde de produção de grãos na última safra (2007/2008): total de 143,89 milhões de toneladas, valor 9,2% maior que a safra anterior. O clima ajudou, mas os fatores que mais contribuíram para esse recorde foram os investimentos realizados pelo produtor rural. Juntos, estes fatores propiciaram a produtividade recorde. O destaque foi para o milho. Com duas culturas durante o período (safra e safrinha), o cereal aumentou em 14% sua participação no total da safra em relação à safra anterior, alcançando um total de 58,59 milhões de toneladas. O milho safrinha, que normalmente aproveitava o preparo de solo destinado a outras culturas e o final do período das chuvas para rotação das mesmas, agora é encarado com maior seriedade, e foi o principal determinante para o recorde da safra atual. Apesar do recorde e da produtividade, produtores estão preocupados com o rumo dos preços para a próxima safra. A cotação do milho já sofreu desvalorização de 20,67% de janeiro deste ano até agora (veja a figura 1), e o cenário se torna mais incerto a cada dia. A desvalorização do petróleo diminuiu a atratividade dos biocombustíveis, a safra norte-americana não sofreu até agora nenhuma adversidade climática que comprometesse sua produtividade, e os fundos de hedge e de investimentos diminuem seu ritmo de investimentos em commodities em geral, incluindo as agrícolas. Apenas na última semana, a CFTC (Commodities Futures Trading Comitee) relatou que 8 mil contratos foram encerrados na Bolsa de Chicago (CBOT), mostrando a “fuga” do capital para outros investimentos. Apesar disso, os estoques finais continuam ajustados e muito se questiona sobre a diminuição da demanda, já que a desaceleração econômica dos países emergentes de fato não se revelou. Com insumos cada vez mais caros, produtores devem ser cautelosos sobre o futuro e aproveitar os bons momentos de preços que a volatilidade oferece. (JA)
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