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Scot Consultoria

Carne bovina: finalmente boas notícias


Sexta-feira, 15 de agosto de 2008 - 09h44

Após um primeiro semestre bastante firme, o mercado do boi gordo passou a “patinar”. As cotações sobem e descem, sobem e descem, com forte resistência, em São Paulo, para ir abaixo de R$90,00/@ ou acima de R$93,00/@. Entre janeiro e junho os preços do boi gordo, na média de 28 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, reagiram 21%, em termos nominais, com base em moeda nacional. Os maiores aumentos foram registrados em Rondônia (35%), Alta Floresta - MT (31%), Norte e Sul do Tocantins, Marabá – PA e Redenção – PA, todo com 29% de alta. Já de junho para agosto (média até dia 14), a variação média foi de 3%. Foram registrados recuos no Triângulo Mineiro, Alta Floresta – MT, Paraná, Maranhão e Redenção – PA, todos de 1%. O que mudou da safra para a entressafra? A oferta segue reduzida. Houve um curto período, com a chegada do frio e da seca, em que realmente ocorreu um ligeiro aumento na disponibilidade de animais terminados. Mas a situação voltou a se “normalizar” depois de 15 a 20 dias. Alguém pode dizer que agora o mercado conta com a oferta de gado de confinamento e semiconfinamento, o que não deixa de ser verdade. Mas é preciso considerar algumas coisas. Ao mesmo tempo em que, no segundo semestre, aumenta a oferta de boi de cocho, diminui a oferta de boi de pasto. E é justamente na região Norte, onde praticamente não existe confinamento, que houve a maior expansão da pecuária e das indústrias frigoríficas ao longo dos últimos anos. Além do mais, o confinamento, tomando a última pesquisa da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) como referência, deve ter um crescimento bastante modesto este ano. Algo em torno de 6% a 7%. Tanto não tem oferta que, hoje mesmo, os jornais estão recheados de notícias de frigoríficos paralisando abates e/ou cancelando investimentos em ampliação das plantas, justamente porque a matéria-prima (boi gordo) está “escassa” e “cara”. A verdade é que a valorização da arroba, nesse segundo semestre, deu de encontro com as dificuldades de escoamento de carne, frente a um mercado interno saturado de aumentos de preço (a inflação voltou) e mercado externo pouco atrativo (em função do embargo da UE e da frouxidão cambial). Mediante tal cenário, os frigoríficos têm se esforçado ao máximo para segurar a alta do boi, através da implementação de estratégias bastante conhecidas: redução do abate ao estritamente necessário, compra de carne com osso ao invés de boi, ampliação do raio de compra, abate de animais próprios, boi a termo, negócios diferenciados com lotes maiores, etc. E dessa forma o mercado anda de lado. Mas agora, algumas boas notícias pintam por aí. Primeiro, o dólar voltou a firmar, e alguns analistas acreditam que se trata de um movimento sustentado. Isso em função da conta corrente brasileira ter entrado em território negativo e dos investimentos em Bolsa estarem começando a migrar dos países emergentes para os EUA. Segundo, o Brasil deve voltar a exportar carne bovina para o Chile e a União Européia voltou a habilitar novas fazendas. E tanto o governo quanto a ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) acreditam que os embarques de carne industrializada para os Estados Unidos sejam normalizados em setembro. Por fim, a inflação doméstica, depois da redução da força de alta das commodities agrícolas e das ações do Banco Central, dá sinais de arrefecimento, sendo que a geração de emprego e a renda seguem em alta. E em final de ano sempre tem um “aquecimentozinho” a mais da economia. Talvez o segundo semestre reserve ainda boas surpresas. (FTR)
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