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Scot Consultoria

Pode faltar comida para o gado. E ai??


Quinta-feira, 14 de agosto de 2008 - 09h30

A posição ocupada hoje pelo Brasil na produção e comércio mundial de carnes deve-se, sem dúvida, à sua capacidade de produzir alimentos a baixos custos. Isto garante ao nosso país competitividade no mercado mundial de commodities agrícolas e pecuárias. Os países da América Latina, em um futuro próximo, serão os principais produtores e fornecedores mundiais de alimentos, e o Brasil será o principal deles. Isto é bom até certo ponto, quando analisamos a produção de carne bovina brasileira. O Brasil ainda possui gargalos no que diz respeito ao planejamento/organização da produção, o que envolve todos os elos da cadeia produtiva. Ainda é relativamente susceptível a surpresas sanitárias (lembram-se da aftosa em 2005?), ao aumento das exigências de mercados consumidores (por que mesmo a União Européia embargou a carne brasileira?), etc.. Em um negócio, seja ele qual for, só se tem uma certeza: quando não há planejamento, qualquer vento pode colocar o barco a deriva. Nesse sentido, uma nova preocupação vem a se somar às anteriormente citadas, e a tantas outras que não foram mencionadas. Em um estudo realizado pela Unicamp (Universidade de Campinas) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi revelado que mudanças climáticas poderão afetar exportações de carne do Brasil. Como assim?? Que raios o clima tem a ver com a exportação de carnes? Vejamos. Hilton Silveira, pesquisador do projeto, afirmou que o aumento das temperaturas poderá afetar as condições das pastagens para desenvolvimento do gado de corte. Esse é um grande problema. A produção de proteínas de origem animal pode diminuir. Com o aumento da seca, o custo de produção de carne deve subir de 20% para 45%, relata a pesquisa. Com isso, o custo médio de produção da carne no Brasil, que hoje é de cerca de US$1,60 o quilo, poderá passar para US$2,88, no melhor cenário de aquecimento global. Em cenário mais pessimista, o custo poderá chegar a US$4,16 por quilo. Será então, que sob estas condições, o Brasil poderá manter ou aumentar a fatia que possui no comércio mundial de carnes? Com preços mais elevados, carente de padronização e de valor agregado... As exigências de mercado só aumentam e a cada dia surgem novos desafios à produção. Antes era a aftosa e as barreiras tarifárias. Agora, somam-se a elas as questões sócio-ambientais e, mais especificamente, as ameaças relacionadas ao aquecimento global. É por isso que não basta sermos grandes produtores. É preciso visão estratégica para produzir, sempre, com quantidade e qualidade esperadas pelos nossos clientes, se antecipando aos problemas e buscando as melhores soluções. Esta pesquisa nos indica que já está mais do que na hora de focarmos em intensificação/produtividade das pastagens, maior utilização de alimentos alternativos, melhoria genética do nosso gado, entre tantos outros fatores. Esta é a única maneira para não deixarmos o barco “à deriva” no comércio mundial de alimentos nos próximos anos. (MNB)
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